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    Corticoide pode diminuir uso de respirador em pacientes com Covid-19, diz estudo

    O conjunto de dados comprova que 'usar corticoide nesses pacientes pode contribuir não somente com o tempo do uso da ventilação, mas na redução de mortes'

    Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros e publicado nesta quarta-feira (2) na revista científica Journal of the American Medical Association (Jama) concluiu que o tratamento com corticoide pode reduzir o tempo de uso de respirador por pacientes graves da Covid-19.

    À CNN, a pesquisadora Flávia Machado, professora de Medicina Intensiva da Unifesp, explicou os métodos e resultados da pesquisa feita pela Coalizão Covid-19 Brasil – que reúne seis hospitais privados, um instituto de pesquisa e a Brazilian Research in Intensive Care Network (BRICNet), uma rede brasileira de pesquisa em medicina intensiva.

    “O que se viu foi realmente o benefício do dexametasona nos pacientes graves que estavam em ventilação mecânica e internados com Covid-19”, disse ela, acrescentando que, em média, os pacientes saíram da ventilação mecânica dois a três dias antes do esperado. 

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    A pesquisadora Flávia Machado, professora de Medicina Intensiva da Unifesp, fala
    A pesquisadora Flávia Machado, professora de Medicina Intensiva da Unifesp, fala à CNN
    Foto: CNN (2.set.2020)

    Os resultados passaram por uma metanálise capitaneada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o que significa que as conclusões foram analisadas em outro estudo. A compilação desses estudos mostrou redução de mortalidade entre 20% e 30%.

    Além da redução da mortalidade, há outros benefícios para os pacientes e também para o próprio sistema de saúde. “Quanto mais tempo se fica no ventilador, mais risco se tem de pegar uma infecção hospitalar”, exemplificou Flávia.

    Outro ponto é que o maior tempo em um respirador está associado a alterações psicológicas do paciente, que, segundo ela, “podem ter comprometimento em longo prazo”.

    Além disso, a especialista pontua que a redução de uso também impacta na diminuição da internação em UTI (Unidade de terapia intensiva), o que é positivo diante da necessidade de leitos na pandemia.

    Flávia ainda explica que o estudo sorteou pacientes para receber o corticoide e outros que ficariam de fora do tratamento e destaca que o método “foi conduzido dentro de todos os preceitos éticos e científicos”.

    Segundo a professora da Unifesp, esse conjunto de dados comprova que “usar corticoide nesses pacientes pode contribuir não somente com o tempo do uso da ventilação mecânica, mas também com redução de mortalidade”. 

    “Esse método vinha sendo usado sem a comprovação científica porque já havia alguma evidência de benefício”, afirmou.

    “Então é um dado bastante importante e uma arma que já vem sendo usada e, agora, se comprova cientificamente a eficácia dela para pacientes com Covid-19. Esses estudos vêm fazer aquilo que é necessário, ou seja, comprovar cientificamente que algo pode ajudar”, concluiu.

    Há alguns meses o tratamento com corticoide – para os casos graves do novo coronavírus – entraram em pauta. As substâncias são produzidas naturalmente pelas glândulas suprarrenais do corpo humano.

    Entre suas funções está regular o metabolismo, além de ter ação anti-inflamatória — o que torna os corticoides muito utilizados no tratamento de doenças crônicas, como asma, artrite ou lúpus. 

    (Edição: Sinara Peixoto)