Correspondente Médico: Tristeza é sinônimo de depressão?
Fernando Gomes falou dos impactos da depressão e analisou o estado de saúde do cacique Raoni
O cacique Raoni Metuktire, de 89 anos, foi internado no fim da semana passada, com um quadro depressivo. Segundo familiares, a depressão teve início com a morte da esposa dele, Bewika Metuktire, no mês passado.
Na edição desta terça-feira (21) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre a relação entre tristeza e depressão, além dos impactos físicos que o quadro pode desencadear.
De acordo com o médico, no caso de Raoni, após vivenciar o luto, é possível que a pessoa, se tiver predisposição genética, apresente depressão. Existe uma troca de informações muito intensa entre os cérebros de pessoas que compartilham a vida e emoções, principalmente entre cônjuges. A ausência do outro pode ser um agravante pra depressão.
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“Alguns acontecimentos podem, sim, funcionar como gatilho para o desenvolvimento da doença. Existe uma predisposição genética, que muitas vezes fica equilibrada, dando uma sensação de vida normal. E quanto aparece um fato desencadeador, toda essa ‘tranquilidade’ desaparece”, explica.
Segundo o médico, o cérebro humano apresenta alternativas quando a tristeza é acionada pelo indivíduo. Entre as opções, está o enfrentamento do problema. No entanto, de acordo com os quadros clínicos dos pacientes diagnósticados com depressão, o caminho pessimista é o mais escolhido.
“Também há uma relação muito interessante com o nosso cérebro. A gente pega estruturas relacionadas com o sistema límbico, responsável pelas emoções no nosso cérebro. Quando você recebe uma informação triste, é possível ter duas escolhas: encarar o problema da melhor maneira possível ou ir pelo viés mais negativo. A pessoa que manifesta a depressão, um dos aspectos clínicos observados, é sempre ter um padrão de escolha pessimista e isso é involuntário”, avalia.
Para o especialista, outro ponto desencadeado pela depressão é a diminuição da energia vital. “Além da perda de sono, de energia diária, a pessoa deixa de sentir graça nas coisas que antes tinham sentido. A depressão não é um sinal de fraqueza, e existe tratamento específico a doença.”, finalizou.
(Edição: Sinara Peixoto)