Cansaço mental: principais sinais e quando pode se tornar um problema

O cansaço mental é caracterizado por um estado de fadiga psicológica, que leva a redução de energia normalmente utilizada para realizar atividades diárias, como socializar, trabalhar e aproveitar momentos de lazer.

Esse processo pode ir além dos sintomas emocionais e comportamentais, desencadeando também reações físicas, como tensão muscular e dores de cabeça.

Saber identificar os sinais desse transtorno é um passo fundamental para o diagnóstico, que contribui para evitar um agravamento do quadro.

Entenda como a exaustão mental pode se manifestar, como aliviar e prevenir a estafa cerebral.

O que é cansaço mental?

Cansaço mental é um estado psicológico em que a exaustão cerebral torna-se recorrente e passa a prejudicar a realização de atividades diárias.

Além de impactar tarefas rotineiras, esse estado também pode causar sintomas físicos, emocionais e cognitivos. Sem os cuidados adequados, o quadro pode evoluir para outros distúrbios mentais.

Quais são os sintomas do cansaço mental?

Além da fadiga frequente, a Comissão da Saúde do Conselho Nacional do Ministério Público elencou, em material especial sobre saúde mental, outros sintomas do cansaço psicológico. Conheça os principais:

• nervosismo;
• irritabilidade;
• dores de cabeça;
• falta de memória;
• dores musculares;
• desânimo e falta de energia;
• dificuldade de concentração.

E como identificar sintomas de esgotamento mental?

O esgotamento mental é uma evolução do quadro de cansaço e, apesar de ter sintomas similares, pode se apresentar de forma mais intensa.

De acordo com a Comissão da Saúde do Conselho Nacional do Ministério Público, ficar atento aos sinais de cansaço mental é uma maneira de evitar o agravamento do quadro, que pode levar a ansiedade e depressão.

Para saber como identificar, é preciso conhecer os sintomas. Veja quais fatores podem indicar o esgotamento mental.

Diminuição da energia

Sentir uma queda na energia é um dos primeiros sinais da estafa mental. Isso pode ser identificado a partir de mudanças no desempenho e motivação em atividades cotidianas, como limpar a casa, trabalhar ou assistir a um filme.

Em entrevista à CNN, no quadro Correspondente Médico, o neurocirurgião Fernando Gomes explica que cerca de 20% da energia utilizada para o funcionamento do corpo é direcionada para o cérebro.

“Se eu utilizo esse cérebro de maneira exaustiva, eu posso passar por uma situação chamada exaustão mental”, explica o especialista.

De acordo com o neurocirurgião, sem o desempenho adequado da mente, a pessoa pode sentir impactos no dia a dia.

Segundo o especialista, esse prejuízo pode ser em comprometimento das relações interpessoais, da autoestima, no trabalho ou trazer um sofrimento embutido.

Alterações no sono

Mudanças na rotina do sono também são sinais de alerta. Fernando Gomes destaca que esses distúrbios podem ser relacionados tanto ao sono em excesso como à dificuldade para dormir.

Nesse contexto, o especialista fala sobre a importância de ficar atento ao ritmo circadiano. “A gente dorme a noite, acorda de dia, temos as refeições. São situações que podem nos alertar sobre como está o ritmo das coisas”, afirma.

Dificuldade para realizar atividades rotineiras

A falta de energia e motivação gerada pelo cansaço mental pode tornar mais difícil tarefas que antes eram simples, prazerosas ou faziam parte do dia a dia da pessoa.

Essa dificuldade pode ser identificada pela falta de ânimo para realizar tarefas que já fazem parte da rotina ou pela falta de prazer em realizar atividades que antes proporcionavam alegria.

A dificuldade em organizar essas demandas e um desequilíbrio na rotina também podem ser um sinal de alerta.

Dores sem causa aparente

Dores generalizadas no corpo de forma constante e sem causa aparente também podem ser um indicativo de exaustão mental.

Com o cansaço extremo, os músculos tendem a ficar mais tensos e contraídos, o que causa as dores físicas. Além dos desconfortos musculares, as dores de cabeça também são comuns.

O neurocirurgião Fernando Gomes esclarece que, apesar de ser um sintoma genérico na medicina, relacionado a diversas questões, como infecções, resfriados e estresse, as dores podem ser associadas ao quadro de exaustão quando acontecem de forma recorrente.

Burnout ou cansaço mental?

Apesar de apresentarem alguns sintomas semelhantes e terem o excesso de tarefas como um dos fatores desencadeantes, a Síndrome de Burnout e estafa mental são diferentes.

Segundo o Ministério da Saúde, a síndrome de Burnout é um distúrbio emocional que tem como principais sintomas o estresse, o cansaço extremo e o esgotamento físico.

Em entrevista à CNN, no podcast E Tem Mais, a psicóloga Fabíola Luciano explica que o cansaço faz parte do nosso dia a dia e é um sentimento natural. “Ele é consequência do fazer”, afirma.

O Burnout, por outro lado, tem característica patológica e crônica, com ligação direta ao trabalho, segundo Fabíola.

A psicóloga explica que o excesso de trabalho pode ser um dos fatores para a síndrome, mas o ambiente laboral tem grande influência nesse processo.

Nesse contexto, a especialista elenca algumas questões relacionadas ao Burnout, como:

• ambiente de trabalho competitivo;
• falta de reconhecimento;
• falta de autonomia;
• excesso de crítica;
• ambiente abusivo.

“Esses componentes, juntos, vão formando um cenário propício para o desenvolvimento da síndrome de burnout”, explica Fabíola.

Quais são as causas do cansaço mental?

O cansaço psicológico pode ser desencadeado por diferentes fatores, desde a sobrecarga cerebral até como reflexo de outros problemas de saúde.

Entenda o que causa o cansaço mental.

Excesso de telas

A tecnologia faz parte do dia a dia, mas o excesso de telas, como celular, computador e televisão, pode trazer uma sobrecarga de estímulos para o cérebro.

Com isso, a mente tende a ficar mais acelerada e o sistema nervoso pode ser impactado pela hiperestimulação, levando a exaustão psicológica.

Distúrbios mentais e emocionais

A estafa mental também pode ser um reflexo de outros distúrbios psicológicos e emocionais, como a depressão, a ansiedade e o burnout.

Esses quadros causam um desequilíbrio no sistema nervoso, desencadeando os sintomas da exaustão mental, como a dificuldade de concentração, a irritabilidade e a falta de energia para realizar atividades rotineiras.

O Burnout, por exemplo, leva a essa fadiga mental, conforme explicou a psicóloga Miryam Mazieiro, do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), em entrevista à CNN.

“O Burnout vem caracterizado em três dimensões que é a exaustão emocional, a despersonalização e a baixa realização profissional”, esclareceu.

Recebimento de muitos estímulos e informações

Com a internet, receber informações em tempo real tornou-se uma tarefa simples, rápida e rotineira. A acessibilidade a diferentes temas é um avanço, mas também pode ser um problema devido ao excesso de conteúdo e estímulos gerados por eles.

Isso causa uma hiperestimulação do cérebro, levando a uma sobrecarga mental que pode resultar na estafa psicológica.

“Muitas vezes informações que são superficiais no conteúdo, mas são profundas em mexer com suas emoções. Esses desbalanços podem provocar esse desequilíbrio”, explica o neurocirurgião.

Como aliviar os sintomas de esgotamento e cansaço mental?

Além de falar sobre os sinais, o neurocirurgião Fernando Gomes também compartilhou ações práticas que podem ajudar no alívio de sintomas relacionados ao cansaço e esgotamento mental, como incluir exercícios físicos na rotina.

“Quando a gente faz atividade física, o gasto calórico relacionado ao trabalho muscular pode entrar em sincronia com a nossa preocupação e nosso gasto relacionado com a nossa concentração mental. Isso faz com que esse balanço seja mais equilibrado”, explicou.

O especialista também destaca a alimentação em horários regulares como hábito que pode minimizar os sintomas.

Como prevenir o cansaço mental?

O reconhecimento desse estado psicológico é o primeiro passo para identificar sintomas e evitar um quadro de exaustão, mas existem outras ações que podem contribuir para a prevenção.

Confira algumas medidas práticas a seguir.

Tenha uma boa rotina de sono

A rotina de sono é um fator que pode impactar diretamente na sobrecarga mental. Durante a noite, o cérebro pode descansar e recuperar as energias para o dia seguinte.

Durante o sono, o corpo realiza diversos processos essenciais para o bom funcionamento do organismo, por isso dormir bem pode evitar problemas relacionados tanto a saúde física como a mental.

O corpo se prepara para esse momento do sono, seguindo o ciclo circadiano, por isso alguns hábitos podem ajudar a dormir melhor.

Adotar uma rotina de higiene do sono é um desses hábitos, que tem como objetivo preparar o cérebro para a noite.

Isso pode incluir ações como reduzir estímulos luminosos e sonoros, evitar alimentos pesados próximo a hora de dormir e evitar o uso de telas.

Tenha momentos de lazer

Encontrar um equilíbrio entre os momentos de lazer e as responsabilidades diárias, como trabalho e estudos, é fundamental para manter a qualidade de vida e a saúde mental.

Para Fernando Gomes, ter um hobbie, por exemplo, é uma válvula de escape que pode evitar essa sobrecarga de informações e estímulos que leva ao cansaço emocional e mental.

Nesse contexto, momentos de autocuidado também são importantes, assim como passar um tempo com pessoas especiais, como familiares e amigos.

Essas atividades podem ajudar a relaxar a mente, saindo da hiperestimulação e da rotina agitada.

Peça ajuda profissional

Reconhecer os sinais de que a saúde mental não vai bem é o primeiro passo para identificar o momento de pedir ajuda profissional.

Em entrevista à CNN, a psicóloga Jaqueline Ferreira da Silva, do Hospital Federal dos Servidores do Estado, no Rio de Janeiro, explicou que não há uma condição prévia para buscar um profissional especializado.

“O que caracteriza a busca por um profissional é o reconhecimento de algum sofrimento, algum impasse na vida, que pode, inclusive, ser apontado por quem convive”, afirmou.

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