Correspondente Médico: Quais os riscos de frequentar praias em meio à pandemia?
Neurocirurgião Fernando Gomes faz alerta sobre as aglomerações registradas nas praias do Rio de Janeiro e de São Paulo
O carioca aproveitou o domingo (30) de sol no Rio de Janeiro e foi para a praia em meio à pandemia. Em Copacabana, na Zona Sul da cidade, a equipe da CNN registrou centenas de pessoas no banho de mar ou na areia – o que ainda é proibido pela prefeitura. O decreto municipal libera a entrada na água, mas veta a permanência na faixa de areia.
Cenário semelhante foi registrado em Santos, no litoral paulista, onde o comércio ambulante foi autorizado a retornar no sábado (29).
Um relatório que já havia sido publicado em maio pelo Conselho Superior de Pesquisas Científicas da Espanha, a pedido da Secretaria de Estado de Turismo, já indicava que o principal problema para quem queria frequentar a praia durante a pandemia é a aglomeração.
Na edição desta terça-feira (1º) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes alertou para o aumento do risco de contaminação da Covid-19 em ambientes abertos e fechados. O médico também explicou a dificuldade do ser humano em evitar aglomerações.
“A gente entende que atividade física, contato com a natureza e com a luz solar são necessárias. Existe uma necessidade da população de voltar a ter contato com uma praia, por exemplo. No entanto, nós temos orientações baseadas em evidências científicas [que pedem para evitar aglomerações durante a pandemia]. Quando as pessoas se aglomeram, mesmo em ambiente aberto, existem riscos”, iniciou.
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De acordo com o médico, é possível compreender a vontade ‘tentadora’ do ser humano de voltar à rotina mesmo antes do fim da pandemia de Covid-19. Mas é necessário seguir as orientações dadas e respeitar os protocolos indicados para cada local, afinal a doença ainda não terminou.
“Frequentar a praia para fazer uma caminhada, com máscara ou até mesmo respeitando limites de proximidade entre as pessoas é o ideal. É tentador, a gente consegue entender o comportamento humano e essa vontade e necessidade. Só que acaba sendo leviano [ao se aglomerar]. O grande detalhe é a questão da aglomeração, mas isso não priva o indivíduo de praticar atividades físicas”, avaliou.
O neurocirurgião também explicou os riscos da contaminação em ambientes fechados. Segundo ele, ir para praias com aglomerações não oferece menos riscos do que estar dentro de um ônibus, por exemplo.
“No mundo ideal, estaríamos cumprindo e seguindo todos os protocolos indicados em todos os lugares. Não se deve ignorar as orientações, independente do local que esteja”, completa.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também defende os protocolos de proteção e recomenda o uso de máscaras e taxa de isolamento em 70%. O médico explicou os riscos de diminuir as medidas de proteção.
“Estas são estratégias clássicas e que o bom senso diz que se todos ficarem atentos, nós vamos conseguir, sim, ter uma vida muito próximo do tolerável e satisfatório. Mas protegendo todo mundo de uma possível contaminação”, finalizou.
(Edição: André Rigue)