Correspondente Médico: Necessidade de comprar e pressa pelo fim do isolamento
Médico falou sobre shopping em Botucatu, no interior de São Paulo, que permitiu entrada de carros e aglomeração em bares após reabertura no Rio de Janeiro
Na edição desta sexta-feira (3) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes abordou a necessidade de comprar que as pessoas sentem e a pressa pelo fim do isolamento social em meio aos mais de 61 mil mortos da pandemia da Covid-19 no Brasil.
Comentando o caso de um shopping em Botucatu, no interior de São Paulo, que decidiu fazer o chamado “drive-thru in door” – um esquema em que libera a entrada dos carros dentro dos corredores do prédio para os clientes retirarem as compras na porta das lojas – o médico avaliou que a ação ativa estímulos cerebrais que dão sensações positivas.
“Existe uma criatividade para trazer de volta a sensação de bem-estar e prazer que o ser humano aprendeu no decorrer dos anos”, explica. “O processo de compra estimula o circuito cerebral do prazer e faz com que as pessoas se sintam mais felizes, mas realmente é inédita a entrada com automóvel dentro um shopping”, acrescenta.
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Apesar do carro entrar em cena no momento da compra, Gomes assegura que a ideia de prazer é a mesma, porque “o processo que acontece na cabeça continua sendo o mesmo – entrando de carro, a pé ou até mesmo por meio da compra digital”.
Ele ainda explica que o desejo de compra faz a liberação de dopamina e instiga a sensação de prazer, o que leva a impulso – que pode, ou não, ser freado bom senso no momento de fazer a escolha por comprar ou não.
Aglomeração no RJ

O médico também abordou o efeito da reabertura de bares, lanchonetes e restaurantes no Rio de Janeiro, que foi autorizada pela prefeitura nesta semana e começou a valer na quinta-feira (2).
Bares da Zona Sul da ficaram lotados e diversas pessoas foram flagradas sem máscara. O espaçamento entre as mesas, que deve ter a distância de dois metros, não foi respeitado.
Gomes citou que a tendência humana é repetir comportamentos e destacou a influência da memória de longo prazo para que as pessoas tenham atitudes anteriores à pandemia.
“Se a gente flexibiliza a nossa forma entender e esquece essa informação – de que agora se usa máscara, por exemplo –, além de não ter tido um contato com alguém que ficou doente e até morreu, a pessoa volta para aquele padrão antigo de comportamento, porque isso já está arraigado na nossa forma de se comportar”, esclarece, acrescentando que essas ações “não são adequadas no dia de hoje”.
De acordo com o protocolo de reabertura, os estabelecimentos não podem ultrapassar 50% da capacidade de ocupação e o funcionamento deve ir até às 23h, sem música ao vivo.
O estado do Rio de Janeiro já registra 116.823 casos confirmados e 10.332 mortes pelo novo coronavírus.
(Edição: Sinara Peixoto)