Correspondente Médico: Como voltar às aulas depois de meses longe da escola?
Pelo menos 128 municípios de São Paulo reabrirão suas escolas nesta terça-feira (8)
A Secretaria Estadual de Educação de São Paulo divulgou que, até o momento, 128 municípios irão reabrir suas escolas parcialmente no estado, para reforço e orientação, a partir desta terça-feira (8). O levantamento foi feito pela própria pasta.
No entanto, o secretário municipal de Educação de São Paulo, Bruno Caetano, afirmou em entrevista à CNN na segunda-feira (7) que a prefeitura da capital paulista não autorizou o retorno às aulas presenciais por considerar que ainda não é seguro.
Segundo Caetano, a prefeitura aguarda um inquérito sorológico que será concluído no dia 20 deste mês para permitir as aulas presenciais nas instituições públicas e privadas. “A partir daí tomaremos a decisão para garantir segurança aos educadores, às famílias e à sociedade”, disse.
Na edição desta terça-feira (8) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes avaliou o cenário para a retomada das aulas e como o cérebro das crianças e adolescentes se comporta diante da ‘nova realidade’. O especialista também explicou quais os principais desafios dos professores na volta às aulas presenciais.
“A partir de agora, teremos um processo de readaptação nas escolas. Mais importante do que o oferecimento do conteúdo, é o oferecimento do padrão de comportamento que todos devem adotar para voltar a frequentar um ambiente coletivo como a escola. É lógico que, neste momento, a gente querendo evitar ou não, vai existir o impacto emocional. Com tanta novidade, é de se esperar que o cérebro das crianças esteja em um momento propício para conseguir armazenar conhecimento de uma forma mais facilitada”, afirma.
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Toda esta produtividade pode ser explicada de maneira biológica. A presença da amígdala no cérebro humano, que está presente na parte emocional do sistema límbico, atua em conjunto com o hipocampo, responsável por armazenar o conhecimento.
“Quando eu tenho um processo ou vivência que seja emocionalmente forte, a chance desta informação entrar acoplada no cérebro e ficar armazenada é muito maior”, completa.
Quanto ao papel dos professores e colaboradores das escolas, o médico afirma que “nesta situação, mais do que nunca, eles serão utilizados ao extremo” e que eles são “verdadeiros heróis”.
“Eles vão saber lidar com isso de uma forma muito tranquila e inteligente. Neste momento, não é só diferença social, cultural ou até mesmo intelectual que entra na questão. Esta diferença sutil vai transbordar na frente do professor e dos outros alunos. Este momento é uma missão e um desafio”, pontuou.
O médico também avaliou a importância de se ter uma rotina de aprendizagem neste momento de pandemia. Segundo ele, a criação de um hábito auxilia no processo de fixação do conteúdo.
“Quando você ensina a criança, no processo de aprendizagem, você pode mudar as matérias, por exemplo, mas o processo de fixação mental acaba sendo muito semelhante [ao de um adulto]. Se você pega uma criança em uma idade mais jovem, que ainda não aprendeu este processo, talvez tenha um impacto diferente [no processo de fixação de conteúdo]. É um cenário desafiador, algo que a gente está dependendo muito do comportamento e da atitude dos professores e da sociedade. Nós temos que nos preocupar com o vírus, mas a gente sabe que existe uma preocupação lá na frente e que educação é fundamental”, analisou.
“Temos que entender que os critérios de avaliação talvez tenham que ser um pouco mais flexíveis e a gente tem que permitir errar e se adaptar. Se a gente chegar com alto padrão de exigência de resposta, talvez tenhamos uma frustração. Sabemos que é devagar e aos poucos que a gente consegue incorporar esta mudança de rotina”, finaliza.
(Edição: André Rigue)