Correspondente Médico: Como o instinto humano é capaz de salvar vidas?
Fernando Gomes explica ponto de vista neurológico de caso de vizinho que conseguiu segurar uma menina, de dois anos, que caiu do terceiro andar de um prédio
Imagens que ganharam destaque nesta semana, mostram um vizinho, de 75 anos, conseguindo segurar uma menina, de dois anos, que caiu do terceiro andar de um prédio no Paraná. Na edição desta quinta-feira (30) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes explica como o instinto humano é capaz de salvar vidas.
“Existe um sistema que faz com que a gente fique preparado para atuar de uma forma muito rápida mesmo que, muitas vezes, sem entender direito o que está acontecendo”, aponta Gomes. “É o instinto de preservação da própria vida ou da vida da espécie”, classifica.
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Em uma situação de risco como essa, o instinto é ainda maior em casos de mães e filhos biológicos por conta questão neuro-hormonal, que começa durante a gestação.
“Quando tem uma sensação como essa, que coloca em risco a vida da criança, de uma forma muito evidente, existe uma ativação muito rápida no sistema nervoso autônomo simpático”, acrescenta.
Embora o resgaste tenha sido feito pelo vizinho da criança, o médico compara esse estado das mães com o que é mostrado em super-heróis nos cinemas e histórias de quadrinhos.
“Um sistema demorado entra em ação para que ela possa sair correndo e salvar uma vida. Outro sistema, que é anterior e inconsciente, prepara todo o corpo físico para que ela tenha essa disposição e velocidade até chegar ao resgaste – como se virasse uma super-heroína naquele momento”, detalha.
De acordo com o especialista, esse instinto é herança na evolução das espécies.
“A gente age de uma forma praticamente animal, porque esse instinto é muito mais forte do que o nosso poder de decisão. Quando você vê alguém em perigo, não há tempo de decidir a melhor estratégia. Apenas fazemos um plano, por mais simples que seja, quando temos a dimensão do cenário. Então é nessa situação que as pessoas pulam no mar para salvar alguém, mesmo sem saber nadar”, compara.
Gomes ainda aponta que o corpo libera cortisol nesses momentos, já como uma espécie de previsão de que a situação de risco para salvar alguém pode gerar lesões físicas.
“Para preservar o corpo físico e ajudar na cicatrização. Também parece uma estratégia da natureza para que a pessoa esqueça ou consiga dar menos relevância emocional para situações muito estressantes”, conclui.
(Edição: Sinara Peixoto)