Correspondente Médico: Como lidar com traumas após sobreviver a um acidente
Neurocirurgião Fernando Gomes explica o que é o estresse pós-traumático e como isso pode impactar a vida de vítimas
Na edição desta segunda-feira (1º) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre o transtorno de estresse pós-traumático.
No fim de semana, o desabamento de uma gruta em Altinópolis, no interior de São Paulo, deixou nove mortos e 18 feridos. Vivenciar experiências intensas com graves consequências pode impactar as pessoas de diferentes formas e, uma delas, é o trauma.
“No momento da tragédia em si, quando o problema está acontecendo, existe um acionamento do circuito que é responsável no cérebro para manter a vida”, explicou Gomes. “O problema é que o evento depois de resolvido, independente de existirem mortes ou não, deixa uma marca dentro do tecido cerebral.”
O médico explica que experiências traumáticas ficam “registradas” numa parte do cérebro que chama hipocampo, que, em conjunto com o córtex pré-frontal, podem “reviver” as experiências nas vítimas após o acidente.
“É de se esperar que no momento agudo [de uma tragédia] o indivíduo nem preste atenção no que está acontecendo porque a única preocupação que existe é manter a vida a todo custo”, disse Gomes.
“Mas conforme o tempo passa, é natural que parte das vítimas e pessoas envolvidas possam vivenciar aquela situação com flashbacks e manifestações físicas relacionadas ao acidente, muitas vezes desencorajando a pessoa a seguir em frente — é a síndrome do estresse pós-traumático.”
Fernando Gomes apontou que vítimas de acidentes ou que vivenciam experiências traumáticas procurem ajuda profissional para superar o problema.
“A psiquiatria e a psicologia desempenham um papel fundamental no acolhimento dessas pessoas e do preparo para que não exista uma manifestação clínica tão exuberante [do trauma no cérebro]”, disse o neurocirurgião.
(*Com informações de Raphael Florêncio, da CNN, em São Paulo)
(Publicado por João Guimarães)