Correspondente Médico: Como lidar com o medo no retorno ao trabalho presencial?
O neurocirurgião Fernando Gomes explicou como as pessoas e as empresas devem lidar com o sentimento de medo no momento do retorno ao trabalho presencial
Na edição desta sexta-feira (26) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes explicou como as pessoas e as empresas devem lidar com o sentimento de medo no momento do retorno ao trabalho, falou sobre a fisiologia do raciocínio e sobre hipnose para tratar transtornos psicológicos.
“Esse medo vai afetar a desenvoltura de todas as pessoas de alguma forma. Independentemente de qual seja a sua crença – se está encarando de uma forma mais positiva ou negativa –, se não alinhar seu pensamento racional com essa causa de encarar a realidade, a evolução pode não ser muito favorável”, explicou.
Diante disso, o especialista afirmou que encarar essa volta ao trabalho como uma realidade leva a um processo de três fases: aceitação, educação continuada e imunização de rebanho.
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“A aceitação é sobre o fato de que estamos vivendo um situação diferente e que requer uma adaptação de comportamento, o que as pessoas já interiorizam. Hoje você caminha pelas ruas e vê que as pessoas estão utilizando máscara, o que, um ano atrás, seria inimaginável”, avaliou.
A educação continuada é sobre a comunicação da orientação geral e, no caso de ambientes profissionais, dá conta também da informação das normas locais para cada atividade – que pode ter cuidados mais específicos.
“Se tem um telefone a ser compartilhado, como isso será dividido? São adaptações locais que precisarão ser adotadas, então a educação continuada é importante para reduzir a ansiedade e aumentar a performance”, indicou.
Por fim, a terceira etapa trata da imunização de rebanho, que, segundo ele, não é a ideal, mas é um progresso natural da biologia. “É a melhor estratégia? Obviamente que não, mas está acontecendo. Ou seja, a coisa está caminhando para algo melhor”, pontua. “Não é uma alternativa, mas a realidade natural dos fatos”, concluiu.
Fisiologia do raciocínio
Gomes também falou sobre o funcionamento da fisiologia do raciocínio e como isso se aplica em tempos de pandemia da Covid-19.
“O nosso cérebro busca entender o problema e, quando vamos fazer isso, existe uma relação de causa e efeito. Para isso, usamos experiências passadas ou, caso não tenha, conversamos com pessoas que passaram por isso para tentar solucionar o problema e simulamos mentalmente as possibilidades de solução”, detalhou.
Um exemplo: a perda de um familiar ou de uma pessoa próxima. Caso seja a primeira vez que passa por isso, ela pode buscar conselhos sobre como outras lidaram com esse momento de luto e, então, criar a simulação necessária para escolher como irá agir diante disso.
Hipnose

O neurocirurgião explicou que o estado de hipnose acontece naturalmente durante o dia e não necessariamente tem relação com a cena de ser hipnotizado e cair em um sono profundo.
“É um estado de hiperfoco, quando toda a sua mente direciona e canaliza a atenção e todo o resto deixa de ter relevância. Um exemplo disso é quando vamos a um determinado lugar e, ao chegar, se pergunta qual caminho fez. Você estava em um processo de auto-hipnose”, explicou.
O tratamento consiste, então, em utilizar esse estado natural para inibir fobias, transtornos como ansiedade, vícios e até dor, a fim de direcionar a pessoa para um caminho melhor.
O médico destaca a necessidade de uma pessoa técnica – terapeuta ou hipnólogo, por exemplo – para esse tipo de processo.
(Edição: Sinara Peixoto)