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    Correspondente Médico: Como fica a saúde mental dos alunos na volta às aulas?

    O neurocirurgião Fernando Gomes também falou sobre a importância da empatia e solidariedade

    Na edição desta quinta-feira (25) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre como será, para a saúde mental dos alunos e professores, o retorno às aulas após o longo período de quarentena devido a pandemia do novo coronavírus. O médico também abordou o impacto do exercício da solidariedade durante o período de perdas para o vírus. Além disso, Gomes alertou sobre os riscos dos vícios durante este período.

    Na quarta-feira (24), o governador João Doria (PSDB) anunciou os protocolos sanitários para a retomada das aulas a partir de setembro. Para que as entidades de ensino voltem a funcionar, o estado deverá estar na fase amarela, segundo apurou a CNN. Autoridades de saúde acreditam que isso só ocorrerá em meados de setembro.

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    Para o especialista, a volta para às escolas é um processo novo. Entretanto, mesmo com a fácil adaptação do cérebro das crianças, serão necessárias três semanas para que o sistema nervoso compreenda que aquela ‘rotina’ está de volta.

    “É um processo novo. O que nós temos de vantagem, quando falamos das crianças, é que cérebro acaba sendo sensível às novidades e de fácil adaptação. Porém existe, sim, um período mínimo de três semanas, para que essa nova ida à escola volte a fazer parte de um contexto e se torne algo comum para as crianças novamente.”, explicou ele. 

    Gomes explicou como funciona o cérebro durante este período de 21 dias de adaptação. Na primeira fase, há o pensamento estruturado para o retorno. Depois, há a sensação do fato até o momento da ida à escola e, em seguida, há a manutenção do comportamento até ele virar um hábito novamente.

    “A gente entende a preocupação [com o retorno], mas é extremamente valioso, para o cérebro humano em formação, essa vivência em sociedade”, acrescentou.

    A volta também será um desafio para os professores, que, além seguirem com o aprendizado, deverão ficar atentos às medidas restritivas entre os alunos – como a utilização de máscaras e a troca da mesma, álcool em gel e ditanciamento social. “Será um grande desafio para o profissional, pois ainda terá que ensinar utilizando máscaras, o que muda a forma de comunicação com os alunos”, disse.

    Solidariedade e empatia

    O novo coronavírus já vitimou mais de 470 mil pessoas em todo o mundo. No Brasil, são mais de 50 mil mortes. É comum que as pessoas, no atual momento, sintam empatia e solidariedade, ainda que não tenham lidado com alguma perda ou situação difícil nos últimos meses.

    O neurocirugião explica que sentimentos como solidariedade e a compaixão são processadas em regiões cerebrais como o córtex pré-frontal ventromedial e o córtex medial orbito-frontal – relacionados aos processos com os quais o cérebro avalia algo como comida ou dinheiro. “Existe uma tendência de que todas as pessoas acabam compartilhando o mesmo sentimento”, completou.

    Vícios

    A pandemia, o isolamento social e o grande volume de notíciais diárias podem gerar ansiedade. Recorrer à compulsão alimentar ou à vícios – como cigarro e álcool – é uma válvula de escape para lidar com a situação.

    Dentro de casa, com as emoções à flor da pele em meio a tantas incertezas, a alimentação tem se tornado compensatória para a maioria das pessoas que estão se privando da vida, dos encontros e dos laços afetivos que tinham antes da pandemia.

    De acordo com Gomes, no cérebro, a explicação para essa descarga está ligada ao nosso circuito de recompensa dopaminérgico – aquele que processa a informação relacionada à sensação de prazer ou de satisfação. “A mente humana funciona de forma monótona e previsível, ela busca o prazer e fuga da dor. É como se fosse a chupeta de uma criança, dá prazer momentâneo para ela”, afirmou.

    A ingestão de bebidas alcoólicas também afeta, diretamente, os neurotransmissores do cérebro, fazendo com que eles sejam liberados em quantidades diferentes do normal e aumentem o ácido gama-amino-butírico, que provoca desinibição e libera dopamina, que dá uma sensação de euforia após as primeiras doses.

    “Muitas vezes, a pessoa nem percebe que comeu ou bebeu demais. A dica é esperar um pouco, você consegue fazer escolhas mais apropriadas”, concluiu Fernando Gomes. 

    (Edição: Sinara Peixoto)

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