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    Correspondente Médico: Como a mente funciona diante de traumas e da rejeição?

    O neurocirurgião Fernando Gomes comentou impactos psicológicos de acidente aéreo em São Paulo e da decisão de liberar doação de sangue por homens homossexuais

    Na edição desta quinta-feira (9) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes explicou como a mente funciona diante de acidentes traumáticos e falou sobre o impacto psicológico da rejeição e exclusão na sociedade.

    Comentando a queda de um avião de pequeno porte, na zona norte de São Paulo, que deixou uma pessoa morta, na quarta-feira (8), o especialista afirmou que “existe um caminho natural do trânsito de informações na nossa cabeça”.

    “Essa informação vem para o plano consciente, depois é processada e armazenada em uma região chamada lobo temporal”, explicou. “O que acaba acontecendo é que, quando acontece dessa forma, quando lembro de algo, ela retorna aos lobos frontais e carrega uma informação emocional”, acrescentou.

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    Gomes ainda afirmou que situações estressantes podem aumentar o déjà-vu nas pessoas. “Justamente porque você tem a associação da informação objetiva com uma equivalência emocional, por exemplo o medo, mas poderia ser uma sensação prazerosa”, disse ele.

    Ainda sobre o déjà-vu, o médico disse que há pessoas que podem nem sequer ter passado pela sensação ao longo da vida. “É possível, porque muitas vezes não prestam atenção no quão interessante é a manifestação da nossa consciência e do nosso cérebro”, completou.

    Gomes também explicou que a equivalência emocional pode surgir cada vez que conhecemos uma pessoa nova. “No cérebro, existe uma área responsável pelo reconhecimento de rosto, que é extremamente importante”, comentou.

    Rejeição e exclusão

    O neurocirurgião também falou sobre a polêmica que envolve a permissão para doação de sangue por homossexuais do sexo masculino. Ele explicou o impacto mental da rejeição e da exclusão de parte desse grupo dentro da sociedade.

    “De tão forte que é essa exclusão social, ela é processada na mesma região na qual temos a capacidade de perceber a dor física e emocional”, disse o neurocirurgião, que acrescentou que a aceitação maior para os homossexuais “significa um progresso para a nossa sociedade”. 

    Ele detalhou que “a dor física existe porque machucou uma parte do seu corpo ou porque o próprio sistema nervoso está deflagrando estímulos relacionados com essa percepção”.

    Ainda segundo o médico, “toda informação no cérebro tem uma equivalência emocional”. “Uma pessoa que se sente excluída tem essa sensação de pertencimento indo embora, e as áreas relacionadas a essa sensação são estimuladas de uma forma negativa”, completou.

    Os efeitos práticos dessas sensações são baixa autoestima, tendência à tristeza e a se sentir desvalorizado, além de ser porta de entrada para uma eventual depressão. 

    Por fim, ele ressaltou a importância de conseguir extravasar as emoções. “Se eu não consigo dar vazão às emoções, o cérebro resolve essa tensão de alguma forma e existe a possibilidade de resposta psicossomático, que pode se manifestar com dores físicas e sensações de angústia”, concluiu.

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