Correspondente Médico: Como a ciência explica o comportamento agressivo?
O neurocirurgião Fernando Gomes também avaliou a alta procura por psiquiatras durante a pandemia
Na edição desta terça-feira (23) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre como a ciência explica o comportamento agressivo entre os seres humanos. O médico também abordou a alta procura por consultas psiquiatras entre jovens durante a pandemia de Covid-19 e os efeitos da fadiga crônica – síndrome que afeta pacientes recuperados do vírus.
Quanto à agressividade, um vídeo registrou o momento em que um policial militar agride, sufoca – com um dos joelhos no pescoço – e enforca até deixar desacordado um jovem de 19 anos na Vila Silviania, em Carapicuíba, na Grande São Paulo, no fim de tarde de domingo (21).
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Nas imagens, é possível ver que o jovem é agredido, cai no chão e depois tem no pescoço pressionado por alguns minutos, deitado no asfalto. Já na calçada, o policial enforca o jovem até deixá-lo desacordado.
Questionado quanto à pressão sofrida por alguns profissionais, o neurocirurgião avaliou que o profissional da segurança “não necessariamente precisa ser dócil, mas não justifica um comportamento agressivo. Por isso é muito importante trabalhar a saúde mental destes profissionais, para que consigam estar bem para exercer suas funções”.
E acrescentou: “O que acontece é o que o comportamento tem diversas faces e a agressão, como modo de defesa, faz parte disso”.
Gomes disse ainda que, geneticamente, algumas pessoas são mais agressivas ou medrosas, mas ressaltou que “tais características não são determinantes, você ainda pode provocar alterações no cérebro através do processo de treinamento adequado pois ele é capaz de mudar o comportamento de uma forma denifitiva. Se isso não é gerenciado, alguma coisa muito perigosa pode acontecer”, alertou.
Busca por psiquiatras
Dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) mostram aumento no número de novos atendimentos psiquiátricos no país durante a pandemia do novo coronavírus. Quase 70% dos médicos entrevistados receberam pacientes novos e muitos voltaram a atender pacientes que já tinham tido alta, mas que sofreram recaída nesse período de isolamento.
Fatores de estresse – medo de ficar doente ou não ter mais a vida que tinha antes da pandemia – são sinais de que a depressão pode vir a surgir. Gomes explicou como funciona este processo e o que tem elevado à procura por médicos da psiquiatria. “A falta do convívio social pode agravar a depressão e, por isso, temos que manter os canais de comunicação abertos para o diálogo e a busca por ajuda, seja por familiares ou médicos, é fundamental”, explicou ele.
Fadiga crônica
As sequelas da Covid-19 ainda não são totalmente conhecidas, mas algumas já têm sido observadas em muitos pacientes curados pelo novo coronavírus. Uma delas é a síndrome da fadiga crônica.
“Ela não é exatamente uma doença específica e isolada. Ela mostra, clinicamente, o indíviduo com falta de energia e disposição – com falta de ar em algumas situações”, acrescentou Gomes. O indivíduo se sente exaurido.
O neurocirugião avaliou ainda que problemas de saúde mental, que não sejam exatamente dectados, podem causar uma confusão e, justamente, gerar essa síndrome. “A realidade do nosso cérebro existe de acordo com o que a gente acredita. Precisamos colocar nosso sitema nervoso central a favor do processo de cura”, concluiu o médico Fernando Gomes.