Correspondente Médico: Como a ansiedade pode influenciar na alimentação?
Tema aparece entre os mais pesquisados durante a pandemia no Brasil
Em tempos de pandemia, a ansiedade ganhou ainda mais espaço na vida dos brasileiros. De acordo com o Google, o tema foi buscado três vezes mais no país durante a pandemia.
De 16 países, o Brasil é o que mais sofre de ansiedade como resultado da pandemia da Covid-19. É o que mostra uma pesquisa divulgada pela Ipsos, que entrevistou 16.038 adultos em 16 países sobre os efeitos comportamentais do surto do novo coronavírus. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos.
Na edição desta segunda-feira (17) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes explicou qual a relação entre a ansiedade e o transtorno alimentar. O médico também listou quais são os sintomas. “Nosso cérebro fica preparado, sempre atento, para medidas a serem tomadas e como amenizar danos”, iniciou.
O quadro de ansiedade pode desencadear alguns problemas. “Existe uma forma natural de se abrandar esta sensação desconfortável. Vai de roer unhas até o ato de comer de uma forma descontrolada”, disse. E completou: “O indivíduo às vezes nem lembra o sabor ou o que comeu. A pessoa come por um outro motivo”.
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De acordo com o neurocirurgião, existe um motivo biológico para que o ser humano busque por alimentação. No entanto, é preciso ficar atento às ‘recompensas’ que satisfazem temporariamente o cérebro e que influenciam na compulsão alimentar.
“Temos um caminho natural de busca pela saciedade, no hipotálamo. Além disso, a sociedade ‘organizou’ as refeições por horários. Mas também existe um outro caminho que a alimentação participa, que é o acionamento do circuito de recompensa cerebral. O problema é quando o indivíduo está muito ansioso e ele busca abrandar esta situação liberando dopamina a partir deste circuito de recompensa. Por isso é natural que a pessoa busque o ato de comer para ter a sensação de tranquilidade”, pontuou.
Esta sensação normalmente acende um alerta para a saúde do indivíduo. Ela é promovida principalmente por alimentos gordurosos e ricos em açúcar.
“Como o nosso cérebro gasta muita energia, a própria natureza deu essa possibilidade de elencar o que é mais vantajoso. Portanto, uma comida rápida e fácil digestão, vai me oferecer mais energia. O detalhe é que isso vai ter um preço na saúde. A compulsão alimentar acaba entrando com um custo muito caro e compromete a saúde. É preciso ter atenção e buscar ajuda profissional se necessário”, finalizou.
(Edição: André Rigue)