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    Controladores de elite: por que alguns mantêm baixa carga viral de HIV sem tratamento

    Cerca de 1% das pessoas vivendo com HIV mantêm o controle da carga viral baixa sem o uso de medicamentos antirretrovirais

    Lucas Rochada CNN , em São Paulo

    O diagnóstico da infecção pelo HIV é feito a partir da coleta de sangue ou por fluido oral. O vírus conta com um período de incubação prolongado antes do surgimento dos primeiros sintomas, o que pode atrasar a detecção.

    Quando um vírus invade o organismo, ele adere às células humanas com o objetivo de se instalar e produzir inúmeras cópias de si mesmo – quanto mais cópias o vírus produz, maior é a carga viral no organismo. No caso do HIV, o alvo principal são células de defesa chamadas linfócitos T-CD4+, conhecidas comumente como glóbulos brancos.

    Os medicamentos antirretrovirais impedem justamente o processo de replicação viral no organismo humano. Ao bloquear a produção de novas cópias do vírus, o tratamento age na redução da carga viral no sangue.

    Cerca de 1% das pessoas vivendo com HIV mantêm o controle da carga viral baixa, em limite inferior ao da detecção pelos ensaios utilizados rotineiramente, sem a realização do tratamento: são os chamados controladores de elite.

    Hipóteses explicam o controle natural da infecção

    As razões exatas pelas quais um grupo pequeno de pessoas consegue controlar a infecção pelo HIV naturalmente ainda permanecem desconhecidas.

    A médica infectologista Rosana Richtmann, do Hospital Emílio Ribas, de São Paulo, explica que os controladores de elite apresentam contagem de linfócitos T-CD4 estável, carga viral indetectável (inferior a 50 cópias/ml) e, clinicamente, não manifestam sintomas característicos da infecção.

    “São poucos pacientes, porém privilegiados por que eles conseguem sem tratamento, sem uso de antirretroviral, deixar a carga viral abaixo de 50 cópias por ml. Isso é praticamente uma carga viral indetectável”, explica.

    A especialista ressalta que os casos são raríssimos e que embora o vírus não seja detectado no sangue, a infecção pode ser identificada através do teste de sorologia, que revela a presença de anticorpos específicos contra o HIV no organismo.

    “Eles conseguem conviver naturalmente com o vírus de forma excelente. A maioria deles não evolui para a doença, para a Aids. Porém, existe uma porcentagem que pode evoluir para a doença, seja por um desbalanço imunológico, que pode acontecer com o tempo, oito ou dez anos depois, ou seja por alguma infecção outra”, diz.

    Rosana acrescenta que a recomendação aos pacientes é de que seja realizado o acompanhamento periódico do quadro clínico.

    “Mesmo que o paciente seja definido como um controlador de elite, o que é uma raridade, uma exceção à regra, importante deixar isso muito claro, ele precisa de acompanhamento médico por que a gente não sabe em qual momento ele pode precisar de algum tratamento”, destaca.

    Um estudo publicado no periódico Brazilian Journal of Infectious Diseases aponta que o controle viral pode estar associado a uma capacidade aumentada desses indivíduos de combater a infecção, seja por terem células do sistema imunológico com função ampliada ou por herança genética, como mutações que aprimoram o combate ao vírus.

    “A existência de indivíduos capazes de controlar naturalmente a infecção representa uma oportunidade para explorar quais recursos do sistema imunitário permitem tal controle, fornece informações sobre as dinâmicas vírus‐hospedeiro e revelam um possível alvo de novos fármacos ou vacinas, fator ainda não completamente esclarecido”, afirmam os pesquisadores da Universidade São Francisco (USF) no artigo.

    Segundo Rosana, o estudo científico dos casos de controladores de elite pode abrir caminhos para descobertas importantes sobre a infecção pelo HIV.

    “Quanto mais conseguirmos estudar a genética desse paciente, como os receptores ou ausência de receptores desses pacientes, abre-se um imenso caminho na ciência para futuros tratamentos e para busca pela cura em relação ao HIV”, afirma.

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    Importância do diagnóstico e tratamento

    A testagem permite o diagnóstico oportuno da infecção pelo HIV. O tratamento aumenta a expectativa e qualidade de vida, reduzindo os riscos de complicações.

    Os antirretrovirais são distribuídos no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 1996. São pelo menos 22 medicamentos, em 38 apresentações farmacêuticas diferentes, de acordo com o Ministério da Saúde.

    O ministério preconiza o início do tratamento logo após o diagnóstico do HIV. Os testes podem ser realizados de forma gratuita em Centros de Testagem e Aconselhamento (saiba onde fazer o teste).

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