Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Conheça novos sintomas e os sinais mais comuns da varíola dos macacos

    Infecção tem apresentado novas manifestações clínicas; saiba como identificá-las

    Lucas Rochada CNN , em São Paulo

    As manifestações clínicas da varíola dos macacos habitualmente incluem lesões na pele na forma de bolhas ou feridas que podem aparecer em diversas partes do corpo, como rosto, mãos, pés, olhos, boca ou genitais.

    Pesquisadores explicam que este é o sintoma mais comum da infecção pelo vírus Monkeypox, mas alertam que o surto atual da doença tem apresentado características epidemiológicas diferentes.

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que a apresentação clínica dos casos recentes, que atingem múltiplos países, tem sido atípica em comparação com relatos previamente documentados da infecção, principalmente na África.

    Novos estudos, divulgados nesta semana, apontam mudanças na forma de transmissão da doença além de novos sintomas.

    Sintomas mais comuns

    O período de incubação é geralmente de 6 a 13 dias, mas pode variar de 5 a 21 dias. Na forma mais comum documentada da doença, os sintomas podem surgir a partir do sétimo dia com uma febre súbita e intensa.

    São comuns sinais como dor de cabeça, náusea, exaustão, cansaço e principalmente o aparecimento de inchaço de gânglios, que pode acontecer tanto no pescoço e na região axilar como na parte genital.

    Já a manifestação na pele ocorre entre um e três dias após os sintomas iniciais. Os sinais passam por diferentes estágios: mácula (pequenas manchas), pápula (feridas pequenas semelhantes a espinhas), vesícula (pequenas bolhas), pústula (bolha com a presença de pus) e crosta (que são as cascas de cicatrização).

    OMS alerta para novos sintomas

    A OMS, que realiza o monitoramento contínuo das características epidemiológicas do atual surto, afirma que muitos casos em áreas recentemente afetadas estão apresentando quadros clínicos diferentes daquele descrito classicamente para varíola.

    De acordo com a OMS, os novos sintomas também podem surgir como lesões na área genital ou do ânus que não se espalham pelo corpo, além de feridas que aparecem em diferentes estágios de desenvolvimento.

    Além disso, há relatos de aparecimento de lesões antes do início da febre, mal-estar e outros sintomas da doença.

    Pesquisadores do Reino Unido divulgaram, em um estudo publicado no periódico BMJ, dois novos sinais da doença: dor na região do ânus e inchaço do pênis.

    Os especialistas do Serviço Nacional de Saúde (NHS, em inglês) sugerem que as manifestações clínicas devem ser incluídas nas orientações de saúde pública e aos profissionais para auxiliar no diagnóstico precoce e reduzir a transmissão da doença.

    Os pesquisadores realizaram uma análise observacional de 197 pessoas que tiveram o diagnóstico de varíola dos macacos confirmado laboratorialmente, testadas e acompanhadas por meio de um centro de doenças infecciosas de alta consequência do sul de Londres, na Inglaterra.

    Todas as pessoas com resultado positivo no teste de diagnóstico molecular participaram de uma consulta por telefone para serem aconselhadas sobre o resultado e para realizar uma avaliação de risco.

    Segundo o estudo, a idade média dos participantes foi de 38 anos. Todos os 197 participantes eram homens, de 21 a 67 anos, e 196 identificados como gays, bissexuais ou outros homens que fazem sexo com homens.

    Todos apresentavam lesões na pele, mais comumente nos genitais (56,3%) ou na região perianal (41,6%). Do total, 170 (86,3%) participantes relataram doença sistêmica. Os sintomas sistêmicos mais comuns foram febre (61,9%), aumento dos gânglios ou linfadenopatia (57,9%) e dor muscular (31,5%).

    Entre os pacientes, 102 (61,5%) desenvolveram características sistêmicas antes do início das manifestações na pele e 64 (38,5%) após. Outros 27 (13,7%) apresentaram exclusivamente manifestações na pele sem características sistêmicas.

    Ao menos 71 pacientes (36%) relataram dor retal, 33 (16,8%) dor de garganta e 31 (15,7%) inchaço (edema) peniano. Pelo menos 27 (13,7%) apresentavam lesões orais e 9 (4,6%) sinais de alteração nas amígdalas.

    “Dor retal e edema peniano foram as apresentações mais comuns que exigiram internação hospitalar nesta coorte, mas esses sintomas não estão atualmente incluídos nas mensagens de saúde pública. Recomendamos que os médicos considerem a infecção por varíola dos macacos naqueles que apresentam esses sintomas”, diz o estudo.

    Lesões discretas podem dificultar o diagnóstico

    Um outro estudo, realizado na Espanha, aponta que em vez da tradicional manifestação na pele na forma de bolhas ou grandes lesões que podem aparecer em diversas partes do corpo, a doença pode causar feridas menores, chamadas pápulas ou pseudopústulas, que podem estar concentradas no local onde ocorreu a infecção, como a região genital.

    A pesquisa, conduzida por especialistas de diversos hospitais espanhóis, contou com a participação de 185 pacientes. A análise aponta que a maioria dos casos iniciou com pápulas homogêneas, e não pústulas que são maiores e com pus, localizadas na provável área de infecção, podendo ser cutâneas ou mucosas, incluindo lesões únicas.

    O estudo sugere que a manifestação mais discreta da doença pode levar à falta de diagnóstico adequado e precoce.

    “A maioria dos casos começa com lesões nos genitais, face, braços e mãos e região perianal. Essas lesões iniciais, embora de aparência semelhante a pústulas, não são pústulas, mas pápulas sólidas esbranquiçadas, sem conteúdo líquido”, diz o artigo.

    Com o tempo, o centro da lesão se torna necrótico, podendo apresentar dor e agrupamento em grandes placas (veja imagens).

    Lesões pequenas de varíola dos macacos / Fotos: artigo Monkeypox outbreak in Spain

    Em alguns pacientes, pequenas pústulas generalizadas apareceram com a evolução da doença – 11% apresentaram lesão única. Nessa fase, feridas heterogêneas também foram identificadas. Lesões menos comuns incluíram úlceras mucosas, como na faringe, amígdala e no reto.

    Os pesquisadores sugerem que o contato durante o sexo foi o mecanismo de transmissão mais provável nos casos analisados.

    De acordo com o estudo, todos os pacientes apresentaram sintomas sistêmicos, principalmente aumento dos gânglios (56%), febre (54%), dor muscular (44%), fraqueza e falta de energia (44%) e dor de cabeça (32%). Em 98% dos pacientes os sintomas apareceram no mesmo dia ou alguns dias antes do aparecimento dos sinais na pele.

    Ao todo, quatro pacientes foram hospitalizados e nenhuma morte foi registrada.

    Tópicos