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    Como evitar que o Brasil se torne o novo epicentro da Covid-19?

    Infectologista e microbiologista ressaltam importância do isolamento social e lamentam falta de testes para o maior número possível de pessoas: 'Ajudaria muito'

    Da CNN, em São Paulo

     

    O Brasil vem caminhando para se tornar o próximo epicentro da Covid-19 no mundo, com o aumento diário de casos e óbitos pelo novo coronavírus. 

    Esse foi o centro do debate entre o infectologista Alberto Chebabo, diretor da divisão médica do hospital universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Rosana Siqueira, microbiologista e professora titular da UniMetrocamp, de Campinas (SP) neste sábado (9).

    “Pode ser o país com o número maior de casos, como já aconteceu com a China, Itália, Espanha e Estados Unidos. A chance de a gente ter uma disseminação do vírus é alta e já vemos isso acontecendo em algumas cidades. Estamos há cerca de dois meses, um mês e meio atrás desses países cronologicamente. Enquanto na Europa a tendência é uma redução de casos e nos EUA a tendência é que aumente e estabilize, no Brasil está em uma fase crescente”, avalia Chebabo.

    Rosana concorda. “Estamos vendo os números crescendo muito. Não temos ainda um tratamento específico, a população ainda não se conscientizou que o virus é real e fatal e temos problemas dos nossos governantes não falarem a mesma língua. O Brasil pode se tornar o epicentro, infelizmente”.

    Isolamento social

    Eles ressaltam a importância de haver o menor número de pessoas na rua no momento. “As medidas restrititvas, principalmente o isolamento, é o que temos no momento. Temos que manter, conscientizar a população a ficar em casa. Quanto menos pessoas nas ruas, menos contaminadas. Quanto mais a população se conscientizar, mais vai ajudar. Precisamos tirá-las das ruas, deixar só o necessário”, analisa a microbiologista.

    “É a única medida eficaz nesse momento para a epidemia, e já se mostrou eficaz em todos os cenários. É uma estratégia que a gente pega da gripe espanhola, um século atrás. A gente não tem outra arma, só o isolamento social, diminuir a interação entre as pessoas para queo vírus se dissemine de forma mais lenta. Nenhum país que tentou uma estratégia diferente teve resultados adequados. O Reino Unido, a Suécia tentaram, tiveram que retornar. Não existe fórmula mágica, ainda mais numa estrutura de saúde como a do Brasil, com déficit de leitos, o que torna a epidemia mais grave aqui”, completa o infectologista.

    Falta de testes

    Sem testagem para o maior número possível de pessoas, é difícil ter dimensão real da epidemia, explicam.

    “O teste é fundamental, a gente consegue entender o que acontece na população. Quando você testa, consegue isolar casos leves e moderados, retira a pessoa do convívio da família e diminui a chance de infectar outras pessoas. A gente não consegue realizar as estratégias adequadas de isolamento porque não consegue saber quem está realmente doente e deve estar isolado”, diz Sérgio.

    Rosana é da mesma opinião. “A testagem em massa ajudaria muito, poderia identificar principalmente os assintomáticos, casos com sintomas amenizados e isolar essas pessoas, diminuir a probabilidade de o vírus infectar muito mais”.

    Pesquisas

    Enquanto a vacina não chega, é importante investir em pesquisas, aponta ela.

    “Nós temos bons profissionais, tivemos avaliação do código genético desse vírus assim que surgiu o primeiro caso, mas falta investimento. Tudo no vírus é novo, as mutações que vem sofrendo, como ataca o hospedeiro e se desenvolve. Mesmo que surja a vacina, não sabemos o comportamento do vírus, pois sofre alterações constantemente. Precisamos saber tudo dele para que então seja feita uma vacina efetiva e um controle do vírus no país. Tenho certeza que logo vai surgir uma esperança em relação a isso”. 

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