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    Como estresse pode afetar sua saúde intestinal, segundo estudo

    Sob estresse, o cérebro pode estimular a liberação de hormônios que podem desencadear condições intestinais, como a doença inflamatória intestinal

    Gabriela Maraccinida CNN

    Os efeitos negativos do estresse no corpo vão além da saúde mental. Um novo estudo mostrou que um cérebro estressado pode afetar as bactérias do intestino e, consequentemente, impactar o sistema imunológico. A descoberta foi publicada na revista Cell no último dia 8.

    Não é novidade que o cérebro e o intestino estão internamente ligados. Estudos anteriores já tinham mostrado que as bactérias intestinais podem afetar o cérebro, mas, agora, os pesquisadores descobriram que o contrário também acontece.

    Sob estresse, o cérebro pode estimular a liberação de hormônios que podem desencadear condições intestinais, como a doença inflamatória intestinal. Certas bactérias no intestino podem liberar sinais químicos que afetam o cérebro e o comportamento. No entanto, a forma como isso acontece ainda não é totalmente compreendida.

    Para descobrir mais sobre as vias de comunicação neural, o neurocientista Ivan de Araujo, do Instituto Max Planck de Cibernética Biológica, em Tübingen, na Alemanha, e seus colegas estudaram pequenos órgãos chamados glândulas de Brunner, encontradas nas paredes do intestino delgado. Elas contêm uma abundância de neurônios que se conectam a fibras do nervo vago, uma via de comunicação entre o intestino e o cérebro. Essas fibras correm diretamente para a amígdala do cérebro, envolvida na emoção e na resposta ao estresse.

    Em uma experiência feita com camundongos, a equipe de De Araujo descobriu que remover as glândulas de Brunner dos animais enfraqueceu os seus sistemas imunológicos e os tornou mais suscetíveis a infecções. A remoção também aumentou os marcadores de inflamação, produtos químicos imunológicos e células que podem danificar tecidos.

    Os pesquisadores também observaram um efeito semelhante em humanos: pessoas que tiveram tumores removidos da parte do intestino onde estão localizadas as glândulas de Brunner tinham níveis mais altos de glóbulos brancos, um marcador de inflamação do corpo, em comparação com as pessoas que tiveram tumores removidos de outras áreas.

    Redução do nível de Lactobacillus no intestino

    O estudo descobriu, ainda, que a remoção das glândulas de Brunner do intestino dos camundongos levou à eliminação das bactérias do gênero Lactobacillus. Esses micro-organismos são responsáveis por inibir a proliferação de bactérias prejudiciais à saúde, por reconstruir a barreira intestinal e, consequentemente, permitir a melhor absorção de nutrientes obtidos pela alimentação.

    Quando o nível de lactobacilos no intestino é baixo, as chances de bactérias prejudiciais à saúde alcançarem a corrente sanguínea é maior, já que as bactérias boas não estão em quantidades o suficiente para criar uma barreira intestinal. Consequentemente, isso também aumenta as chances de inflamação e doenças.

    Remoção das glândulas tem o mesmo efeito do estresse no intestino

    Ao analisar com mais detalhes as glândulas de Brunner, os pesquisadores descobriram que os neurônios se conectam a fibras do nervo vago, uma via de comunicação entre o intestino e o cérebro. Essas fibras correm diretamente para a amígdala do cérebro, envolvida na emoção e na resposta ao estresse.

    Segundo os pesquisadores, colocar camundongos com glândulas de Brunner intactas sob estresse crônico teve o mesmo efeito que remover as glândulas: queda nos níveis de lactobacilos e maior nível de inflamação. Isso sugere que o estresse pode inativar as glândulas.

    De Araujo diz que o estudo pode ter implicações para o tratamento de distúrbios relacionados ao estresse, como a doença inflamatória intestinal. Agora, os pesquisadores estudam se o estresse crônico afeta essa via em bebês, que recebem lactobacilos através do leite materno. “Estamos animados com a ideia de que essas glândulas são importantes para o desenvolvimento normal e a função imunológica no início da vida”, afirma de Araujo, em matéria publicada na Nature.

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