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    Comitê Científico avalia intercâmbio vacinal para grávidas no Rio de Janeiro

    Prefeitura decide como completar imunização de gestantes que receberam primeira dose da Astrazeneca; Pfizer é uma opção

    Pauline Almeida, da CNN, no Rio de Janeiro

    A possibilidade das grávidas que receberam a primeira dose da vacina de Oxford-Astrazeneca tomarem a segunda dose da Pfizer é avaliada no Rio de Janeiro. Uma reunião extraordinária do comitê científico com a Secretaria Municipal de Saúde foi convocada, na tarde desta segunda-feira (28), para discutir o assunto. 

    O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, que compõe o comitê científico do Rio, apontou que já existem evidências científicas para permitir o intercâmbio entre Astrazeneca e Pfizer. 

     

    “A grávida que vai tomar a segunda dose com Astrazeneca tem que esperar depois do puerpério, vai ficar muito tempo entre a primeira e segunda dose, meses sem cobertura. A outra opção seria vacinar com Pfizer, no intervalo de 12 semanas”, explicou Chebabo.

    Um estudo do Instituto Carlos III, da Espanha, por exemplo, apontou que o uso da primeira dose da Astrazeneca com a segunda de Pfizer seria seguro e eficaz. A resposta imunológica de quem fez o intercâmbio foi entre 30 e 40 vezes maior do que quem recebeu apenas Astrazeneca. Mas, no Brasil, a prática do uso combinado de imunizantes ainda é proibida.

    No dia 11 de maio, o Ministério da Saúde suspendeu a vacinação das gestantes com Astrazeneca para investigar uma morte ocorrida no estado do Rio de Janeiro. Após receber o imunizante, uma mulher grávida veio a óbito ao apresentar um quadro de trombose. Autoridades de saúde investigam o caso para identificar se o problema de saúde foi um efeito adverso da vacina. 

    Mulher gestante é vacinada contra a Covid-19
    Dados do Observatório Covid-19 da Fiocruz destacam que o Brasil é o país com maior número de mortes maternas por Covid-19
    Foto: Hannah Beier/Reuters

    O Ministério da Saúde, no dia 20 de maio, recomendou que as gestantes que tomaram a primeira dose de Oxford-Astrazeneca, cerca de 15 mil no país, completem o esquema vacinal 45 dias após o parto. O intervalo, no entanto, preocupa, segundo o infectologista Alberto Chebabo. 

    “A gente tem que proteger a gestante. É um grupo muito vulnerável, de risco elevado para complicações e morte. O ano de 2021 está completamente diferente de 2020, não sei se pela maior exposição ou pelas variantes, mas as grávidas se tornaram, no Brasil, grupo bastante importante para complicações e óbitos”, apontou. 

    Dados do Observatório Covid-19 da Fiocruz destacam que o Brasil é o país com maior número de mortes maternas por Covid-19. A taxa de mortalidade entre gestantes e puérperas, de 7,2%, é quase três vezes maior que a média da população em geral, de 2,8%. 

    Desde o início da pandemia, 11.390 gestantes foram infectadas pelo coronavírus, sendo que 950 morreram, 667 delas só neste ano, de acordo com levantamento do Observatório Obstétrico Brasileiro. 

    Na cidade do Rio de Janeiro, foram 38 óbitos durante todo 2020 e 39 somente até junho deste ano. No último sábado (26), o Ministério da Saúde confirmou a primeira morte no Brasil pela variante originária da Índia. A vítima foi uma gestante de 42 anos, na cidade de Apucarana, no Paraná. O bebê nasceu de 28 semanas, negativo para o coronavírus, e está saudável. 

    O aumento de mortes em 2021 fez com que a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia recomendasse ao Ministério da Saúde vacinar todas as grávidas, não apenas as com comorbidades. No Rio, a vacinação desse público foi reiniciada no último dia 15 de junho, com doses da Pfizer e Coronavac.