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    Com alta de Covid-19, pesquisadores pedem a governantes fechamento das praias

    Cientistas da Fiocruz e da UFRJ argumentam que Brasil vive um aumento acelerado de contaminados sem sequer acabar a primeira onda

    Elis Barreto, da CNN, no Rio de Janeiro*



     

    Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) emitiram documentos em que recomendam com urgência o retorno do isolamento social nas regiões do país com casos de novo coronavírus novamente em alta. Os cientistas argumentam que o Brasil vive um aumento acelerado de contaminados sem sequer acabar a primeira onda.

    Os pesquisadores da UFRJ pedem ainda que os governos municipal, estadual e federal façam  uma ação unificada e solicitam também a adoção de medidas como “suspensão imediata de eventos presenciais, sejam sociais, esportivos ou culturais, fechamento das praias, e avaliação da decretação de lockdown caso o cenário epidemiológico da doença se mantenha ou se agrave.”

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    O grupo argumenta que como ainda não há disponibilidade de uma vacina para a maioria da população e um tratamento específico para a doença, as medidas restritivas são o principal meio de controle. À CNN, o infectologista Roberto Medronho, diretor-médico do Núcleo de Saúde Coletiva da UFRJ, ressaltou que é um equívoco as autoridades descartarem a possibilidade de um lockdown.

    “Nós estamos vivendo o pior dos dois mundos, não terminamos a primeira onda e já temos casos aumentando novamente. Nós não teremos vacina a tempo de travar esse aumento, e mesmo que tenhamos vacina aprovada, ainda teremos que conviver todo o ano de 2021 com a doença, pois o trabalho para se distribuir e aplicar milhões de doses da vacina não será feito em alguns meses”,  disse o infectologista.

    Contudo, Medronho frisou que a UFRJ não está recomendando um lockdown imediato, mas que sejam revistas as aberturas de atividades não essenciais, e que caso essas medidas preventivas não sejam efetivas, deve-se avaliar a possibilidade do lockdown, e que a medida será para salvar vidas.

    Segundo pesquisa divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 9,7 milhões de brasileiros não seguiram nenhuma medida de restrição no mês de outubro, isso equivale a 4,6% da população do país. Comparado ao mês de setembro, houve um aumento de 1,6% nas pessoas que não fizeram isolamento social.

    De acordo com os pesquisadores da Fiocruz, “as grandes orientações devem ser seguidas como medida protetiva para proteger e salvar vidas, tais como restringir qualquer aglomeração, organização do transporte público para evitar lotação, suspender atividades econômicas não essenciais e fortalecer as principais medidas sanitárias como o distanciamento social, uso obrigatório de máscaras e álcool em gel a 70%, dentre outras que se somam aos cuidados familiares e domésticos.”

    Os dados analisados pelo Grupo de Trabalho Multidisciplinar para o Enfrentamento da Covid-19 da UFRJ sugerem que uma nova onda está sobrepondo-se à primeira, o que torna o problema mais grave e complexo. E que apesar de a população estar há mais de oito meses com restrições de mobilidade, muitas pessoas, especialmente os mais jovens, têm se aglomerado em festas, bares, praias e outros eventos sociais.

    A UFRJ afirma que essa nova alta de casos foi constatada devido ao aumento da demanda no Centro de Triagem e Diagnóstico (CTD) da universidade, que vem desde 10 de outubro registrando crescimento de casos positivos do novo coronavírus. O número de pacientes positivados são maiores que os de meados de maio, por exemplo.

    *Sob supervisão de Maria Mazzei