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    Com 2 mil casos da cepa britânica, Espírito Santo lança alerta ao resto do país

    Estado utiliza teste específico para detectar a variante; material não é disponibilizado pelo Ministério da Saúde

    Stéfano Salles, da CNN no Rio de Janeiro

    Com 1.903 casos confirmados da variante britânica do coronavírus, o Espírito Santo enfrenta um cenário diferente do restante do Brasil, onde foi constatada a prevalência da cepa amazônica. No estado, a predominância é da P2, oriunda do Rio de Janeiro, mas a linhagem do Reino Unido tem crescido e representa 14,4% dos casos confirmados, segundo o Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen/ES).

    O valor representa mais que o dobro da proporção encontrada uma semana antes, 6,6%, e preocupa estudiosos pela velocidade de propagação. 

    O número é bem maior que o registrado no Rio de Janeiro, onde foram confirmados quatro casos, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde. No entanto, a confirmação fluminense foi feita com base em sequenciamentos genéticos realizados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pelo laboratório da Universidade de São Paulo (USP).

    No Lacen, a análise foi feita com outra metodologia: por meio da identificação de uma falha na detecção do gene S (SGTF), a partir dos testes de RT-PCR. 

    O Espírito Santo registrou casos positivos para a variante britânica em 71 dos 77 municípios capixabas. Entre eles, estão todos os cinco da divisa do Espírito Santo com o Rio de Janeiro. Diretor do Lacen/ES, Rodrigo Ribeiro Rodrigues, considera que seja provável a ocorrência de casos nas cidades onde o patógeno ainda não foi identificado.

    É o caso de Águas Doces do Norte, Alto Rio Novo, Divino de São Lourenço, Mantenópolis, São Domingos do Norte e São Roque do Canaã. 

    “São municípios muito pequenos e, possivelmente, os pacientes tenham ido fazer seus testes em outras cidades. Nós fizemos o rastreamento dos casos, mas não achamos nada em outros lugares. Por outro lado, o número de testes encaminhados por eles ao Lacen foi muito pequeno, média de dois. Em março, eles variaram no envio entre zero e cinco amostras. Então, é provável que haja casos sim”, afirmou. 

    Com base em dados de sequenciamentos feitos no estado pela Fiocruz em um universo amostral menor, a linhagem carioca P2, que não é considerada uma das variantes de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS) representa 59.26% dos casos. A britânica, que está nesse grupo, veio logo atrás, encontrada em 25.96% das 27 amostras sequenciadas. 

    Segundo o Lacen/ES, é provável que outros estados enfrentem cenários semelhantes e não tenham conhecimento da situação. Isto porque, segundo ele, o cenário capixaba foi descoberto com uma contribuição da sorte.

    De acordo com o Lacen, quando o estado comprou testes para Covid-19, a empresa que venceu o certame fornecia um teste de RT-PCR com a possibilidade específica de verificar a variante britânica. 

    “Esse tipo de teste que usamos aqui não é empregado pelo SUS. E a maioria dos laboratórios pelo país não os compra, porque está dependente da oferta de Brasília. A cepa do Reino Unido é, das três de preocupação, a que se dissemina mais rapidamente. No mundo todo, tem dobrado de tamanho a cada dez dias, e esse padrão está se repetindo aqui. É provável que aconteça também em outros lugares. Aqui, conseguimos detectar porque, além do teste e dos reagentes, já tínhamos conhecimento da literatura internacional sobre essa metodologia de detecção”, concluiu. 

    O modelo de teste, contudo, não interfere na detecção de casos positivos ou negativos, apenas na identificação da variante do Reino Unido sem necessidade de sequenciamento genético, um trabalho demorado e custoso. Sem estrutura para fazer análises como essas no Espírito Santo, enquanto seu laboratório não fica pronto, o estado envia suas amostras para que sejam sequenciadas em outros estados.

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