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    CNN Sinais Vitais destaca cuidados para prevenção de queimaduras

    Todos os anos em torno de 1 milhão de pessoas se queimam no país, de acordo com o Ministério da Saúde

    Lucas Rochada CNN

    em São Paulo

    Com a realização de festas juninas e as tradicionais fogueiras de São João, os riscos de queimaduras aumentam no Brasil.

    Todos os anos em torno de 1 milhão de pessoas sofrem acidentes desse tipo no país. Desse total, ao menos 100 mil buscam atendimento hospitalar. Cerca de 3 mil morrem, direta ou indiretamente, em função das lesões. Os dados são do Ministério da Saúde e compreendem o período entre 2011 e 2019.

    De imediato, o paciente deve colocar a parte queimada debaixo da água corrente fria, com jato suave, por aproximadamente dez minutos. Compressas úmidas e frias também são indicadas pelo Ministério da Saúde. No caso de queimaduras em grandes extensões do corpo, por substâncias químicas ou eletricidade, a vítima necessita de cuidados médicos urgentes.

    No CNN Sinais Vitais desta semana, especialistas alertam para os riscos, abordam os principais cuidados e as medidas de prevenção contra queimaduras. A reprise do programa apresentado pelo cardiologista Roberto Kalil vai ao ar neste sábado (1º), às 18h.

    “Quando se aumenta o preço do gás, as pessoas procuram os inflamáveis para cozinhar alimentos, fazer rechauds, candieiros ou espiriteira, como chama em São Paulo, de forma improvisada e daí os acidentes acontecem”, diz José Adorno, cirurgião-plástico e presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ).

    Na Unidade de Tratamento de Queimaduras do Hospital Estadual de Bauru, no interior de São Paulo, as principais causas de queimaduras são acidentes com fogo provocados por álcool.

    “Representam 50% dos nossos pacientes internados e são causados por todo tipo de álcool, seja líquido, em gel, o combustível, etanol, que as pessoas estão usando para acender churrasqueiras, ou até mesmo para queimar folhas no fundo do quintal”, diz Cristiane Rocha, cirurgiã-plástica e coordenadora da unidade. “Em segundo lugar vem as queimaduras por escaldo, que são queimaduras com líquidos quentes, que acabam atingindo as crianças, elas que são as mais vulneráveis nesse tipo de queimadura”.

    Para revelar os perigos de líquidos quentes, inflamáveis, choques elétricos e fogo em ambientes domésticos e no trabalho, a equipe da CNN foi ao comando do Corpo de Bombeiros, em São Paulo.

    “A gente vai acender aqui com um fósforo o álcool em gel e o álcool líquido, o etanol, e vai ver a diferença na visibilidade e na quantidade de chama”, diz o capitão André Elias, porta-voz da corporação, em uma demonstração. “O álcool líquido forma uma nuvem de vapor inflamável que atinge seu ponto de ignição e ela pega fogo por completo e repentinamente. É isso que dá a explosão”.

    O capitão afirma que o ambiente de cozinha pode representar riscos, especialmente para crianças e idosos, e cita algumas medidas de prevenção. “Sempre que for cozinhar, colocar as panelas na boca de trás do fogão, sempre que possível o cabo da panela para dentro do fogão, para que essa criança não bata a mão no cabo, e acabe derrubando essa panela e todo o seu conteúdo em cima dela”, diz.

    “Uma outra coisa muito comum que a gente observa, são as famílias que usam ainda aquelas toalhas de mesa compridas. Então a mãe vem, coloca a sopa em cima da mesa, criança puxa a toalha, e o que está em cima da mesa cai em cima dela”. Para finalizar, ele reitera: “Não use álcool para cozinhar e cheque sempre possíveis vazamentos no seu GLP usando uma esponja com detergente. Passe sobre as conexões e se fizer bolhas, pipocar, é porque tem problema”.

    Segundo os especialistas, as queimaduras podem ser classificadas em diferentes graus quanto à profundidade. Primeiro grau, quando as lesões atingem somente a camada epidérmica. Segundo grau, quando há comprometimento da epiderme e a camada superficial ou profunda da derme. Terceiro grau, acometendo, além da pele, outros tecidos como o subcutâneo, músculos, tendões e até mesmo os ossos.

    “Quanto maior a área corporal queimada, maior o índice de mortalidade, mas também deve-se considerar os fatores idade, agentes e gravidade das queimaduras, condições de resgate antes da hospitalização, complicações e estado de saúde antes da lesão”, diz Breno Pessoa, cirurgião-plástico e chefe do Centro de Queimados do Instituto José Frota (IJF), em Fortaleza.

    Acidentes com fogo podem ser provocados por uso incorreto de álcool / Reprodução/CNN

    O IJF é referência no atendimento a queimados no Brasil. No episódio, será apresentado com exclusividade o procedimento com pele de tilápia para o tratamento de um paciente que sofreu queimaduras nos braços em um acidente com líquido quente.

    Desenvolvida por médicos do Ceará nos últimos sete anos, a pesquisa com pele de tilápia aponta que ela age como um curativo para queimaduras de segundo e terceiro graus e que o seu uso acelera o processo de cicatrização, além de diminuir a dor do paciente.

    Ao todo, mais de 500 pessoas já foram beneficiadas com o procedimento no Brasil. A estimativa é de que o produto seja aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e esteja disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) em menos de dois anos.

    O trabalho envolve 297 pesquisadores, nove estados brasileiros, oito países e 26 publicações em revistas nacionais e internacionais, com 19 prêmios conquistados.

    “Há estudos ainda com a Nasa, Fiocruz e Butantan, citação da pesquisa em quatro seriados internacionais, como Grey’s Anatomy, Good Doctor, Vampiros e The Resident, além de quatro patentes com produtos desenvolvidos a partir da pele da tilápia”, diz Edmar Maciel, coordenador-geral da pesquisa e presidente do Instituto de Apoio e Reabilitação do Queimado, em Fortaleza. “Também participamos de missões em incêndios na Califórnia, Líbano e Pantanal”, completa.

    Dependendo do grau da queimadura e da extensão da área queimada, o paciente pode ficar internado durante semanas ou meses. Além disso, mesmo após a alta hospitalar, podem ser necessários acompanhamentos médico, psicológico, fisioterapêutico e terapêutico ocupacional.