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    Cirurgias podem ajudar a prevenir e “enfraquecer” câncer em mulheres

    Em mulheres com predisposição genética, procedimentos cirúrgicos podem reduzir o risco de tumores a quase zero, segundo especialistas

    Gabriela Maraccinida CNN

    O câncer de mama é o tipo da doença mais frequente em mulheres, com 74 mil novos casos estimados para o triênio 2023 e 2025, segundo dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer). Porém, cânceres ginecológicos, como o de ovário, de útero e de endométrio, também acometem as mulheres, mesmo aquelas sem predisposição genética.

    Também segundo o Inca, a estimativa era de que cerca de 17.000 novos casos de câncer de colo de útero fossem diagnosticados no Brasil em 2023, assim como 7.300 novos casos de câncer de ovário e 7.800 novos casos de câncer de endométrio.

    Diante desse cenário, é importante que as mulheres estejam atentas às medidas preventivas contra os canceres ginecológicos e de mama.

    A cirurgia, por exemplo, pode ser uma alternativa para as mulheres que possuem hereditariedade ou histórico familiar como principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer.

    “Dos cânceres ginecológicos, temos a mutação dos genes BRCA1 e BRCA2, relacionada ao câncer de mama e de ovário, e a síndrome de Lynch, que envolve câncer de intestino e câncer de endométrio”, afirma Andressa Teixeira, ginecologista oncológica do Hcor à CNN.

    Estudos indicam que mulheres que nasceram com mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 têm um risco aumentado de 70% a 80% de desenvolver câncer de mama e um risco 46% maior de desenvolver câncer de ovário em relação àquelas que não apresentam essa alteração.

    “Quando a mulher tem uma história familiar importante e é positiva para a mutação, entram em cena as cirurgias que reduzem a quase zero o risco do câncer em questão”, diz a especialista.

    Quais cirurgias podem ajudar na prevenção contra o câncer?

    O tipo de cirurgia a ser realizada vai depender do tumor e do tipo de predisposição genética. No caso do câncer de mama, a mastectomia bilateral profilática (retirada das mamas) pode ser uma alternativa, conforme explica Audrey Tsunoda, cirurgiã oncológica do Hcor. “Essa cirurgia pode reduzir o risco de desenvolver câncer de mama em até 90%”, afirma.

    Esse procedimento ficou famoso no mundo todo quando a atriz Angelina Joli decidiu fazer a retirada das mamas ao saber que tinha a mutação que aumentava significativamente suas chances de ter câncer de mama.

    A mastectomia com redução de risco também é eficaz para tratar o câncer quando já diagnosticado e reduzir a necessidade de realizar o tratamento com quimioterapia.

    Outra opção para tumores diagnosticados em fase inicial é a crioablação, um procedimento minimamente invasivo que consiste no uso de temperaturas baixas para enfraquecer as células cancerígenas. “Essa técnica é altamente conhecida para tratar câncer de pulmão e de rim, mas pode ser uma ótima saída para o câncer de mama”, ressalta Tsunoda.

    Já em relação ao câncer de ovário, nas mulheres que apresentam os mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, a indicação é a retirada das tubas e dos ovários das mulheres entre 40 e 45 anos, conforme explica Teixeira.

    “No caso da síndrome de Lynch, a retirada do útero deve ser indicada por volta dos 40 anos, diminuindo em 70% o risco da doença”, acrescenta a ginecologista.

    Cirurgias preventivas devem ser indicadas por médicos e apresentam riscos

    É importante ressaltar que as cirurgias preventivas contra o câncer são indicadas apenas para as mulheres que apresentam mutações genéticas de alto risco para o desenvolvimento do tumor. Além disso, esses procedimentos não isentam as pacientes de apresentaram riscos e complicações adversas.

    “Embora as cirurgias preventivas possam reduzir substancialmente o risco de câncer ginecológico em mulheres com predisposição genética, elas não estão isentas de problemas de cicatrização, queda de produção hormonal, hematomas e, às vezes, infecções”, afirma Tsunoda.

    Além disso, as mulheres que optam por cirurgias preventivas, geralmente, passam por acompanhamento médico rigoroso e especializado. Isso pode facilitar a detecção precoce de qualquer câncer e outras condições de saúde.

    “Tudo o que queremos é devolver a essas mulheres uma vida com mais qualidade, menos dor e necessidade de um tratamento agressivo”, ressalta a especialista.

    Quais outros cuidados ajudam a prevenir cânceres ginecológicos?

    Tanto para mulheres com predisposição genética, quanto para aquelas que não possuem fatores hereditários ou histórico familiar de câncer, existem cuidados que podem prevenir o desenvolvimento de tumores ginecológicos.

    “No caso do câncer de ovário, ter um estilo de vida saudável e estar sempre com a rotina ginecológica em dia, principalmente após a menopausa, pode ajudar”, afirma Teixeira. “Para o câncer de endométrio, o controle do peso e do diabetes, a prática da atividade física e a atenção a qualquer sangramento vaginal após a menopausa é importante também”, acrescenta.

    Já em relação ao câncer de colo de útero, a principal forma de prevenção é a vacinação contra o HPV e a realização do exame papanicolau de forma periódica. Isso porque a infecção pelo vírus, que é sexualmente transmissível, é a principal causa para o desenvolvimento desse tipo de câncer.

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