Cientistas revelam processo de infecção celular pelo coronavírus; veja imagens
Conhecimento sobre os mecanismos de infecção viral pode contribuir para o desenvolvimento de novos tratamentos contra a Covid-19
Cientistas brasileiros registraram em imagens de microscopia os detalhes do processo de infecção do coronavírus em células. Para o estudo, foram utilizadas células Vero, amplamente estudadas na compreensão dos mecanismos de infecção viral e no desenvolvimento de potenciais tratamentos contra doenças.
O estudo, liderado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), foi publicado na revista científica Viruses. No artigo, os pesquisadores revelam como o vírus invade a célula, além de identificar onde ocorrem importantes etapas da replicação viral e o momento de liberação das novas partículas virais, capazes de infectar outras células.
As fotos e vídeos também mostraram detalhes das alterações provocadas pelo coronavírus na estrutura celular, que favorecem o processo infeccioso, muitas vezes causando prejuízos para as funções celulares e impactos nocivos ao organismo (veja imagens abaixo).
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À esquerda, imagem mostra dezenas de partículas virais aderidas à superfície celular (algumas estão indicadas por setas); à direita, vê-se, de perto, um vírus aderido à membrana externa da célula • Barreto-Vieira et al; Viruses
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Imagens mostram o momento em que as partículas virais aderidas à superfície celular são envolvidas pela membrana da célula e levadas para dentro da célula, onde poderão se replicar • Barreto-Vieira et al; Viruses
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Partículas virais (em azul) são vistas aderidas à membrana celular (em verde). Dentro da célula, cópias do genoma viral são produzidas no interior de vesículas de dupla membrana (em vermelho) • Barreto-Vieira et al; Viruses
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Coronavírus induz as células infectadas a emitirem prolongamentos de membrana, chamados de filopódios, que podem ser usados para ampliar a infecção • Barreto-Vieira et al; Viruses
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Diferentes imagens de microscopia mostram alterações celulares causadas pelo SARS-CoV-2 • Barreto-Vieira et al; Viruses
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Dois compartimentos importantes para a replicação viral são flagrados nas imagens produzidas por microscopia eletrônica • Barreto-Vieira et al; Viruses
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Imagem mostra o momento exato em que as partículas virais replicadas (algumas indicadas por setas) deixam a célula • Barreto-Vieira et al; Viruses
As imagens foram obtidas por meio de microscópios de última geração disponíveis no Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e no Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Cenabio/UFRJ).
O equipamento utiliza uma técnica chamada varredura por triplo feixe de íons, produzindo imagens tridimensionais com resolução de um nanômetro, o que corresponde a 1 milímetro dividido por 1 milhão.
Já o equipamento do Cenabio utilizado na pesquisa permite ver as estruturas em planos de corte ultrafinos, com resolução de 0,45 nanômetro. Para comparação, uma folha de papel tem cerca de 100 mil nanômetros de espessura. O coronavírus tem, em média, 76 nanômetros de diâmetro, segundo as medições realizadas pelos cientistas.
De acordo com a coordenadora do estudo, Débora Ferreira Barreto Vieira, o trabalho reúne conhecimentos sobre o processo de infecção e pode contribuir para o desenvolvimento de novas terapias.
“Precisamos de modelos in vitro bem caracterizados para desenvolver fármacos que atuem em diferentes etapas do ciclo viral. Nesse estudo, conseguimos descrever o ciclo replicativo do SARS-CoV-2 em células Vero, com detalhes e alta qualidade”, diz a cientista da Fiocruz em comunicado.
O trabalho contou com a participação de pesquisadores do Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral do IOC/Fiocruz e dos laboratórios de Vírus Respiratórios e do Sarampo e de Imunofarmacologia do Instituto. A pesquisa também teve colaboração de especialistas do Núcleo de Laboratórios de Microscopia do Inmetro, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz) e da UFRJ.