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    Cientistas pedem cautela sobre doença respiratória na China: não apertem “botão do pânico”

    Autoridades chinesas afirmaram que não houve detecção de patógenos incomuns ou novos, assim como quadros clínicos incomuns

    Jennifer Rigbyda Reuters

    Cientistas renomados pediram cautela, nesta quinta-feira (23), em relação aos temores de outra pandemia, depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) solicitou mais informações à China sobre o aumento de doenças respiratórias e casos de pneumonia entre crianças.

    “Temos que ser cuidadosos. Realmente precisamos de mais informações, especialmente informações de diagnóstico”, disse Marion Koopmans, virologista holandesa que assessorou a OMS sobre a Covid-19.

    A preocupação internacional foi desencadeada por um alerta publicado na terça-feira (21) pelo serviço de monitoramento ProMED, que faz parte da Sociedade Internacional de Doenças Infecciosas.

    O documento pedia mais informações sobre uma “pneumonia não diagnosticada – China (Pequim, Liaoning)”. O texto padrão do alerta também foi utilizado no primeiro aviso sobre o que se tornaria a Covid-19, enviado em 30 de dezembro de 2019: “Pneumonia não diagnosticada – China (Hubei)”.

    Os cientistas ponderaram que a semelhança entre os dois alertas despertou preocupações ainda infundadas de que o aumento pode ser causado por outro patógeno emergente que poderia desencadear uma pandemia.

    Eles disseram que, com base nas informações até o momento, é mais provável que seja um aumento em outras infecções respiratórias comuns, como a gripe, como foi visto em muitas partes do mundo depois que as restrições da Covid foram suspensas. Isso também poderia sinalizar um ressurgimento da própria Covid.

    China fornece informações à OMS

    As autoridades de saúde da China forneceram dados solicitados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o aumento nas doenças respiratórias no país, e relataram surtos de pneumonia em crianças.

    Os responsáveis afirmaram que não houve detecção de patógenos incomuns ou novos, assim como quadros clínicos incomuns, inclusive em Pequim e na província de Liaoning, no nordeste do país, de acordo com um comunicado da OMS.

    Não apertar o “botão do pânico”

    A OMS sempre solicita informações dos países quando são registradas doenças não diagnosticadas ou desconhecidas, o que acontece com bastante regularidade.

    No entanto, ela nem sempre divulga um comunicado à imprensa sobre isso, como fez na quarta-feira.

    Brian McCloskey, um especialista em saúde pública que também assessorou a OMS sobre a pandemia, ressaltou: “O que estamos vendo é o sistema do Regulamento Sanitário Internacional da OMS em ação”, referindo-se às regras que regem como os países trabalham com a organização em possíveis surtos.

    “Não vou apertar o botão de pânico de pandemia com base no que sabemos até agora, mas estarei muito interessado em ver a resposta da China à OMS e ver a avaliação da OMS após isso”, destacou.

    Tanto a OMS quanto a China enfrentaram questões sobre transparência durante os primeiros dias da Covid. Desde então, a OMS também criticou o país asiático por reter dados sobre infecções e mortes quando suspendeu suas medidas da “Covid Zero”, bem como sobre as origens da pandemia.

    Possível causa do surto

    Alguns especialistas destacaram que não está claro se as doenças relatadas não foram diagnosticadas de fato.

    A notícia que desencadeou o alerta do ProMED veio da FTV News, em Taiwan, na terça-feira (21). Na própria China, houve muita cobertura recente de um aumento nas doenças respiratórias, inclusive entre crianças.

    As autoridades de lá atribuíram o fato à suspensão das restrições da Covid-19 e à circulação de vírus como o da gripe e o da micoplasma pneumoniae, uma infecção bacteriana comum que normalmente afeta crianças pequenas.

    “Há uma hipótese plausível de que isso pode ser o que vimos em outras partes do mundo quando as restrições foram suspensas”, disse Koopmans, refletindo a opinião de todos os cientistas contactados pela Reuters.

    O virologista Tom Peacock, do Imperial College de Londres, que acompanhou de perto o surgimento de novas variantes do coronavírus, afirmou que há boas ferramentas disponíveis para detectar “muito rapidamente” os vírus emergentes da gripe ou do coronavírus, de modo que parece improvável que isso tenha acontecido sem que se percebesse.

    “Suspeito que pode acabar sendo algo mais ‘mundano’ ou uma combinação de coisas — como Covid e gripe –, mas espero que saibamos mais em breve”, concluiu.

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