Casos graves de COVID-19: sequelas vão desde perda do olfato a embolia pulmonar
Infectologistas alertam que é ainda é cedo para falar em sequelas a longo prazo
Perda do olfato e paladar, em casos leves, até fibrose e embolia pulmonar ou sequelas neurológicas nos casos mais graves da doença são alguns dos sintomas já conhecidos pelos médicos e relatados por pacientes que tiveram a COVID-19.
Leia também:
Não há comprovação que curados da COVID-19 sejam imunes à doença, diz OMS
Os infectologistas afirmam que as sequelas mais graves aparecem com mais frequência nos casos mais intensos da COVID-19. “Algumas pessoas apresentam problemas pulmonares até 30 dias depois da COVID-19, como embolia pulmonar, como um desbalanço da fragilidade que a doença causou”, diz Renato Grinbaum, infectologista e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
“Um número muito pequeno de pessoas, principalmente aquelas que tiveram infecções graves do pulmão, que precisaram ficar entubadas, podem apresentar uma fibrose pulmonar, que é uma sequela, uma cicatrização prejudicial do pulmão, podendo levar a uma doença crônica do pulmão”, completa. Mas segundo os infectologistas, somente os casos graves podem ter essa possível complicação.
“O que nós já podemos dizer é que pacientes graves, como aqueles que já foram hospitalizados, muitas vezes apresentam consequências em longo prazo, mesmo depois da sua internação”, diz Renato Kfouri, infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). “Vemos principalmente consequências pulmonares, como a fibrose pulmonar”, completa.
Ireno Marcio, de 41 anos, ficou 19 dias internado no hospital por causa da COVID-19. Desses, 11 foram na UTI e 10 dias entubado. “Tive perda de paladar e perda de olfato, e o ritmo cardíaco também foi afetado. Até hoje não sinto que me recuperei 100% e tive episódios de confusão mental”, comenta Ireno. Ele conta que, por esse motivo, ele já está em busca de um cardiologista.
Mesmo que ainda seja muito cedo para falar sobre sequelas a longo prazo, em relação aos danos causados no cérebro, por exemplo, os infectologistas já falam sobre riscos confusão mental e derrames.
“O tempo de epidemia é curto, portanto temos que observar por mais tempo para termos a noção exata de que tipo de complicações a longo prazo esse tipo de doença pode causar”, comenta Kfouri.