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    Casos graves de Covid-19 podem causar envelhecimento do sistema imunológico

    Esse processo explicaria porque há pessoas que, mesmo após se recuperarem de casos graves de Covid-19, são reinfectadas pelo Sars-CoV-2

    Amanda Andradecolaboração para a CNN

    Um estudo realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) indica que casos graves de Covid-19 podem estar relacionados a um processo de envelhecimento do sistema imunológico e imunodeficiência aguda. Os pesquisadores analisaram amostras de sangue de pacientes hospitalizados pela doença e observaram, nas células de defesa (linfócitos T auxiliares), sinais de hiperatividade, exaustão e envelhecimento.

    Essas células de defesa atuam no combate à infecção, reconhecendo as proteínas virais e ativando as células responsáveis por combater o vírus e produzir anticorpos. Nos casos graves de Covid-19, com a perda de capacidade de resposta dessas células, o paciente se torna mais suscetível a infecções secundárias, como pneumonias bacterianas, e reinfecções pelo próprio coronavírus.

    “São células que perderam a capacidade de expansão clonal, ou seja, não vão se multiplicar ao entrar em contato com as proteínas virais e não vão conseguir comandar uma resposta imunitária eficiente”, comenta Alexandre Morrot, imunologista e coordenador do estudo. O pesquisador afirma que esse quadro pode ser definido como um estado de imunodeficiência aguda. 

    Esse processo explicaria porque há pessoas que, mesmo após se recuperarem de casos graves de Covid-19, são reinfectadas pelo Sars-CoV-2. “A reinfecção ocorre em uma fração pequena dos casos, mas é mais comum do que seria esperado. A disfunção das células T CD4 [auxiliares] pode explicar a ausência de memória imunológica de longo prazo na Covid-19 grave”, avalia Morrot.

    Ao estudar as amostras dos pacientes, além de encontrarem moléculas consideradas como marcadores de envelhecimento nos linfócitos T auxiliares, os cientistas também identificaram altos níveis de substâncias inflamatórias liberadas pelas células. Isso indicaria um processo de hiperativação e consequente exaustão do sistema imunológico. Segundo Morrot, a solução, nesses casos, são as terapias anti-inflamatórias, que visam a controlar a resposta imune exagerada.

    Não é possível, segundo o imunologista, afirmar se pacientes graves terão prejuízo a longo prazo no sistema imunológico, uma vez que as análises foram feitas apenas durante a fase aguda da infecção. “A Covid-19 ainda é uma doença nova e não sabemos como será a sua evolução. A literatura científica indica que células exauridas podem recuperar sua função. Já as células senescentes [envelhecidas] podem morrer e ser substituídas por células jovens”, afirma Morrot. “É possível que alguns meses após a doença, os pacientes não apresentem mais essas alterações, mas isso terá que ser acompanhado.

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