Casos e mortes relacionados à Covid-19 seguem em queda, diz Fiocruz
Boletim desta semana aponta que todos os estados brasileiros estão fora da zona de alerta crítico, ou seja, tem menos de 80% de ocupação dos leitos de UTI
Os indicadores da pandemia relacionados a transmissão da doença, testes positivos e mortalidade seguem em queda no Brasil, de acordo com o Boletim Observatório Covid-19, divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta quarta-feira (22). O estudo, que analisa o período entre os dias 12 e 18 de setembro, aponta que nenhum estado brasileiro apresenta taxa de ocupação de leitos de UTI em zona crítica, ou seja, superior a 80%.
Com exceção do Espírito Santo e do Distrito Federal, que têm ocupação acima dos 60% e, por isso, estão na zona de alerta intermediário, todas as outras unidades federativas estão fora do alerta. O boletim afirma que a melhora nas taxas tem ligação direta com a vacinação contra o vírus, que mesmo sem atingir ainda níveis desejáveis, tem avançado de forma diversificada pelo território nacional e atinge um dos objetivos, que é a redução de casos graves.
Os pesquisadores da Fundação ressaltam que são favoráveis à adoção do passaporte sanitário, que é uma política de proteção coletiva e estímulo a imunização. Eles também destacam que o avanço da vacinação para outras faixas etárias deve ser pensado no país.
“A vacinação precisa continuar sendo acelerada e ampliada entre adultos que não se vacinaram ou não completaram o esquema vacinal, idosos que requerem a terceira dose e adolescentes. As novas evidências científicas indicando a segurança e elevada eficácia da vacinação em crianças também devem colocar na mira a expansão da vacinação nesse grupo populacional” afirmam os especialistas.
Assim como os estados, as capitais brasileiras também apresentam melhoras na ocupação. Das 27 capitais, 22 estão fora da zona de alerta. Apenas cinco delas estão na zona intermediária, com taxa acima de 60%: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Vitória, Porto Alegre e Brasília.
Os pesquisadores ressaltam que, apesar da melhora relevante nos indicadores, ainda é fundamental cautela por parte das autoridades e da população, para que o quadro não seja revertido. O estudo alerta que o uso adequado de máscara e o distanciamento físico ainda devem ser praticados por todos.
Outro destaque desta edição é que, ao passar pela fase aguda da pandemia, o Brasil deve iniciar a preparação para o médio e longo prazo. Dessa forma, o sistema de saúde precisa estar organizado para ser eficiente em cuidados especializados a longo prazo, já que estudos mostram que os efeitos pós-Covid podem resultar em diferentes sintomas, mesmo que a doença tenha sido leve. Entre eles, estão coração acelerado, dores no peito, dificuldade em se concentrar e depressão.
Registros atrasados
No fim da semana epidemiológica analisada houve um aumento brusco no número de casos de Covid-19 notificados no sistema e-SUS, do Ministério da Saúde. Em apenas sete dias foram registrados cerca de 241 mil novos casos da doença, cerca de 16% a mais do que nas duas semanas anteriores.
Os dados estavam represados e afetaram principalmente os estados do Rio de Janeiro e São Paulo. No território fluminense foram registrados 100 mil casos excedentes em apenas um dia, enquanto no estado paulista, foram registrados aproximadamente 45 mil em dois dias.
De acordo com os pesquisadores, o atraso nos dados tem sido um problema crônico na pandemia, porque compromete uma boa gestão de enfrentamento a doença. Eles afirmam que houve uma subestimação da transmissão do vírus, tendo como um dos resultados a flexibilização das medidas, sem respaldo em dados.
*Sob supervisão de Isabelle Resende