Casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave seguem em elevação entre crianças e adolescentes
Predomínio de casos está associado ao vírus sincicial respiratório (VSR), causador da bronquiolite; crianças na faixa etária de 0 a 4 anos são as mais afetadas
A incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças segue em elevação em diversos estados brasileiros desde o mês de fevereiro, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (13) no boletim Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A análise indica o predomínio de casos associados ao vírus sincicial respiratório (VSR) na faixa etária 0 a 4 anos; e de rinovírus e Sars-CoV-2 (Covid-19) na faixa de 5 a 11 anos, além de outros vírus respiratórios como o VSR em menor intensidade.
O vírus sincicial respiratório (VSR) é uma das principais causas de infecções das vias respiratórias e pulmões em recém-nascidos e crianças pequenas, e um de muitos vírus que podem causar bronquiolite (infecção dos brônquios, nos pequenos tubos respiratórios dos pulmões).
Apesar de a elevação de casos de SRAG no público infantil, o boletim ressalta que há sinais de formação de um platô.
O coordenador do estudo, Marcelo Gomes, explica que é comum o aumento do vírus sincicial durante o período letivo, por conta da maior exposição das crianças.
Porém além disso, a liberação do uso das máscaras potencializou a circulação desse vírus nas casas, creches e escolas.
Na população em geral, a curva nacional de SRAG mantém sinal de queda na tendência nas últimas seis semanas, porém com sinal de estabilidade nas últimas três semanas, consolidando sinal de estabilização em patamar de 2,1 casos semanais por 100 mil habitantes.
Segundo o coordenador do Infogripe, Marcelo Gomes, os casos de Sars-Cov-2 mantém indícios de queda entre os casos com resultado laboratorial positivo para vírus respiratórios, correspondendo a 41,6% nas últimas quatro semanas.
Referente aos primeiros meses deste ano, já foram notificados 112.087 casos de SRAG, sendo 62.453 (55,7%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 34.535 (30,8%) negativos, e cerca 9.333 (8,3%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os casos positivos do ano corrente, 5,4% são Influenza A, 0,1% Influenza B, 4,4% VSR, e 86,1% Covid-19.
O Boletim aponta que nove das 27 unidades federativas apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo até a SE 14: Acre, Amapá, Espírito Santo, Maranhão, Piauí, Paraná, Roraima, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Rondônia e Sergipe apontam queda na tendência de longo prazo, enquanto as demais apresentam sinal de estabilidade.
Em todas as localidades que apresentam algum sinal de crescimento, os dados por faixa etária sugerem um cenário restrito à população infantil (0 a 11 anos), fator que se mantém desde fevereiro. Já na população adulta, os números indicam que o sinal de queda ou estabilidade se mantém.
“Apesar de não traduzir sinal de crescimento no dado agregado para a população em geral, o aumento de casos entre crianças também se observa em diversos dos demais estados”, explica Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.
Onze das 27 capitais apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo até a SE 14: Belém (PA), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Macapá (AP), Porto Alegre (RS), Rio Branco (AC), São Luís (MA), São Paulo (SP), Teresina (PI) e Vitória (ES).
Em Goiânia (GO), observa-se sinal de crescimento somente na tendência de curto prazo (últimas 3 semanas). Assim como destacado para os estados, os dados por faixa etária nas capitais também sugerem se tratar de aumento concentrado fundamentalmente nas crianças e adolescentes (0-9 e 10-19 anos).
O estudo tem como base dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até 11 de abril.