Casos de Salmonella associados a chocolates Kinder chegam a 151 em 11 países, diz OMS
Segundo a OMS, não foram registradas mortes associadas ao surto até o momento
A Organização Mundial da Saúde (OMS) realiza o monitoramento do surto de Salmonella typhimurium em chocolates da marca Kinder. De acordo com a OMS, foram relatados 151 casos geneticamente relacionados suspeitos de estarem ligados ao consumo dos produtos em pelo menos 11 países.
A OMS avaliou o risco de propagação na Europa e no mundo como moderado até que haja informações disponíveis sobre o recall total dos produtos.
No dia 27 de março, a OMS foi informada pelo Reino Unido de um conjunto de casos de Salmonella Typhimurium de origem desconhecida. Testes moleculares confirmaram a presença da bactéria. O sequenciamento das amostras e evidências epidemiológicas ligaram o surto a produtos de chocolate da Bélgica que, até o dia 25 de abril, foram distribuídos para pelo menos 113 países.
A bactéria relacionada aos surtos foi identificada em tanques na fábrica da Ferrero, em Arlon, na Bélgica, em dezembro de 2021 e janeiro de 2022. Segundo a OMS, após a implementação de medidas de higiene e testes negativos de Salmonella, os produtos implicados (todos os produtos Kinder fabricados em Arlon), foram distribuídos em toda a Europa e no mundo.
De acordo com as análises da Agência de Segurança Sanitária do Reino Unido (UKHSA, na sigla em inglês), a cepa do surto é resistente a seis tipos de antibióticos: penicilinas, aminoglicosídeos (estreptomicina, espectinomicina, canamicina e gentamicina), fenicol, sulfonamidas, trimetoprima e tetraciclinas.
Até o dia 25 de abril, um total de 151 casos foram relatados em países como Bélgica (26 casos), França (25), Alemanha (10), Irlanda (15), Luxemburgo (1), Países Baixos (2), Noruega (1), Espanha (1), Suécia (4), Reino Unido (65) e os Estados Unidos (1).
As datas de início dos sintomas variaram de 21 de dezembro de 2021 a 28 de março de 2022. Crianças menores de 10 anos (89%) foram afetadas desproporcionalmente e as mulheres representaram 66% dos casos notificados.
Em pelo menos 21 casos foram disponibilizadas informações sobre sintomas e gravidade. Destes, 12 (57%) relataram diarreia com presença de sangue e nove (43%) foram hospitalizados. Segundo a OMS, até o momento não foram registradas mortes associadas ao surto.
Sobre a infecção por Salmonella
A salmonelose é uma doença causada pela bactéria Salmonella não tifoide. Aproximadamente 2.500 sorotipos foram identificados, sendo a maioria das infecções humanas causadas por dois sorotipos de Salmonella: Typhimurium e Enteritidis.
O quadro clínico da salmonelose é definido por início agudo de febre, dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia que pode apresentar sangue, conforme relatado na maioria dos casos no surto atual. O início dos sintomas geralmente ocorre de 6 a 72 horas após a ingestão de alimentos ou água contaminados com Salmonella, e a doença dura de 2 a 7 dias.
Os sintomas da salmonelose são relativamente leves e os pacientes se recuperam sem tratamento específico na maioria dos casos. No entanto, em alguns casos, particularmente em crianças e pacientes idosos, a desidratação associada pode se tornar grave e oferecer risco à vida.
A bactéria Salmonella está amplamente distribuída em animais domésticos e silvestres, como aves, suínos e bovinos, e em animais de estimação, incluindo gatos, cães, pássaros e répteis, como tartarugas.
A salmonela pode passar por toda a cadeia alimentar, desde a alimentação animal, a produção primária e até as residências ou estabelecimentos e instituições de serviços de alimentação.
A salmonelose em humanos geralmente é contraída através do consumo de alimentos contaminados de origem animal (principalmente ovos, carnes, aves e leite). A transmissão de pessoa para pessoa também pode ocorrer pela via fecal-oral.
De acordo com a OMS, a prevenção requer medidas de controle em todas as etapas da cadeia alimentar, desde a produção agrícola, até o processamento, fabricação e preparo de alimentos tanto em estabelecimentos comerciais quanto domiciliares.