Casos de demência no mundo podem triplicar até 2050, diz estudo
Pesquisa estima que o Brasil poderá ter aumento de 206%, saltando de cerca de 1,8 milhões de casos em 2019 para 5,6 milhões de indivíduos com a condição em 2050
O número de adultos com 40 anos ou mais vivendo com demência em todo o mundo deve quase triplicar até 2050, passando de cerca de 57 milhões em 2019 para 153 milhões. Os principais motivos são o crescimento populacional e o envelhecimento da população.
Os dados do estudo Global Burden of Disease, que realizou estimativas para 204 países, foram publicados no periódico científico Lancet Public Health. De acordo com o estudo, fatores de risco para demência, como o tabagismo, a obesidade, alto teor de açúcar no sangue e baixa escolaridade também devem impactar o cenário da doença no mundo.
As mulheres são mais afetadas pela demência que os homens em todo o mundo. Em 2019, a proporção era de cerca de 100 casos entre elas para 69 entre eles. Segundo o estudo, esse padrão deve permanecer em 2050.
Distribuição entre os países
Em relação ao Brasil, o estudo estima que haverá um aumento de 206% no número de pessoas vivendo com demência nas próximas décadas. De cerca de 1,8 milhões de casos em 2019, o país poderá atingir 5,6 milhões de indivíduos com a condição em 2050.
As estimativas preveem que os aumentos mais significativos dos casos de demência devem ocorrer no leste da África Subsaariana. De acordo com o estudo, o número de pessoas com demência nessa região deve aumentar em 357%, saltando de quase 660 mil em 2019 para mais de 3 milhões em 2050. A explicação está no crescimento populacional, com os aumentos mais expressivos em países como Djibouti (473%), Etiópia (443%) e o Sudão do Sul (396%).
Por outro lado, os aumentos mais discretos de casos estão previstos para os países da Ásia-Pacífico de alta renda. O número de indivíduos com demência deve crescer 53%, de 4,8 milhões em 2019 para 7,4 milhões em 2050. No Japão, o aumento estimado é de 27%, de 4,1 milhões para 5,2 milhões de casos.
Prevenção à demência
Os autores reforçam a necessidade de implementação de estratégias de saúde pública como medidas para reduzir os riscos de demência, como promover o acesso à educação, dieta equilibrada e exercícios físicos, assim como a expansão dos recursos de saúde e assistência social.
Entre os fatores de risco que podem ser modificados, o estudo elenca baixa escolaridade, hipertensão, deficiência auditiva, tabagismo, obesidade na meia-idade, depressão, sedentarismo, diabetes, isolamento social, excessivo consumo de álcool, traumatismo craniano e poluição do ar.
“Abordar esses fatores por meio de intervenções de saúde pública é um caminho para reduzir a prevalência da doença, e mudanças futuras nos fatores de risco modificáveis podem influenciar a trajetória das tendências na prevalência específica por idade”, diz o artigo.
De acordo com o estudo, o aumento ao longo do tempo no número de pessoas afetadas pela demência acentua a importância de não apenas quantificar a carga atual da demência, mas também gerar previsões da prevalência da condição para permitir decisões políticas embasadas, planejamento dos sistemas de saúde e alocação de recursos pelos países.