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    Casos de Covid-19 caem na Índia, mas OMS aponta falta de testes em áreas rurais

    O país registrou menos de 300 mil casos positivos de Covid-19 pela primeira vez desde 21 de abril; foram 4.106 mortes nas últimas 24 horas

    Reuters

    A Índia relatou uma queda no número de novos casos de coronavírus nesta segunda-feira (17), mas as mortes diárias permaneceram acima de 4 mil. Os especialistas, no entanto, disseram que a contagem não era confiável devido à falta de testes em áreas rurais onde o vírus está se espalhando rapidamente.

    Há meses, nenhum lugar no mundo foi atingido mais duramente pela Covid-19 do que a Índia, já que uma nova cepa do vírus alimentou um surto de infecções superior a 400 mil por dia.

    Mesmo com a desaceleração nos últimos dias, os especialistas disseram que não havia certeza de que as infecções atingiram o pico – causando preocupação em toda a Índia e também exterior devido a variante B.1.617, considerada altamente contagiosa, encontrada pela primeira vez na Índia.

    “Ainda há muitas partes do país que ainda não experimentaram o pico, eles ainda estão subindo”, disse o cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Soumya Swaminathan, ao jornal local Hindu.

    Swaminathan apontou para a taxa “muito elevada” de testes positivos em nível nacional – cerca de 20% dos testes realizados – como um sinal de que o pior pode estar por vir. “O teste ainda é feito de forma inadequada em um grande número de estados. E quando você vê altas taxas de positividade de teste, claramente não estamos testando o suficiente.”

    “E então os números absolutos realmente não significam nada quando são tomados por si próprios; eles têm que ser tomados no contexto de quantos testes são feitos e da taxa de positividade desses teste”, disse o especialista.

    Tendo começado a diminuir na semana passada, as novas infecções nas últimas 24 horas foram estimadas em 281.386 pelo Ministério da Saúde indiano nesta segunda-feira (17) – caindo para menos de 300 mil pela primeira vez desde 21 de abril. A contagem diária de mortes ficou 4.106 óbitos causados pela Covid-19.

    No ritmo atual, o número total de casos da Índia desde o início da epidemia há um ano deve ultrapassar a marca de 25 milhões nos próximos dias. O total de mortes está em 274.390.

    Diante da crise no país, hospitais tiveram que recusar pacientes, enquanto necrotérios e crematórios não conseguem lidar com os corpos se amontoando.

    Vítimas de Covid-19 são cremadas na Índia
    Vítimas de Covid-19 são cremadas na Índia; recorde de casos e mortes sobrecarrega o país
    Foto: Mayank Makhija – 26.abr.2021/NurPhoto via Getty Images

    Fotografias e imagens de televisão de piras funerárias queimando em estacionamentos e cadáveres aparecendo nas margens do rio Ganges alimentaram a impaciência com a forma como o governo está lidando com a crise.

    É amplamente aceito que os números oficiais subestimam o impacto real da epidemia, com alguns especialistas dizendo que as infecções e mortes reais podem ser de cinco a dez vezes maiores.

    ‘Queda no número de casos é ilusão’

    Quando a primeira onda da epidemia na Índia atingiu o pico em setembro concentrou-se em grande parte nas áreas urbanas, onde os testes foram introduzidos mais rapidamente. 

    A segunda onda que eclodiu em fevereiro está devastando cidades e vilarejos rurais, onde cerca de dois terços dos 1,35 bilhão de pessoas no país vivem, e os testes nesses lugares são muito irregulares.

    “Esta queda nos casos confirmados de Covid-19 na Índia é uma ilusão”, disse S. Vincent Rajkumar, professor de medicina da Clínica Mayo nos Estados Unidos, no Twitter.

    “Em primeiro lugar, devido aos testes limitados, o número total de casos é muito subestimado. Em segundo lugar, os casos confirmados só podem ocorrer onde você pode confirmar: as áreas urbanas. As áreas rurais não estão sendo contadas.”

    Um ciclone em curso para atingir a costa de Gujarat nesta segunda-feira (17) deve interromper os esforços de teste e vacinação no estado natal do primeiro-ministro Narendra Modi, onde as infecções aumentaram 30% desde 2 de maio.

    Homem vacinado contra a Covid-19 na Índia
    Homem de 45 anos é vacinado em posto drive-in na cidade de Bhubaneswar, na Índia, em 12/05/2021
    Foto: STR/NurPhoto via Getty Images

    Lockdown

    Embora medidas de lockdown tenham ajudado a limitar parte dos casos do país durante uma onda inicial de infecções em fevereiro e abril, como Maharashtra e Delhi, as áreas rurais e alguns estados estão enfrentando novos surtos.

    O governo emitiu diretrizes detalhadas neste domingo (16) para monitorar os casos de Covid-19, com o Ministério da Saúde pedindo às aldeias que procurem pessoas com doenças semelhantes à gripe e façam o teste de Covid-19.

    Modi está sendo criticado por suas mensagens ao público, pela decisão de deixar as decisões importantes sobre bloqueios para os estados e pelo lento lançamento de uma campanha de imunização no país que é o maior produtor de vacinas do mundo.

    A Índia vacinou totalmente pouco mais de 40,4 milhões de pessoas, ou 2,9% de sua população.

    Um importante virologista disse que renunciou a um fórum de consultores científicos criado pelo governo indiano para detectar variantes do coronavírus.

    Shahid Jameel, presidente do grupo consultivo científico do fórum conhecido como INSACOG, não quis dizer por que renunciou, mas disse estar preocupado com o fato de as autoridades não estarem prestando atenção suficiente às evidências ao definirem as políticas

    (Reportagem de Neha Arora, Tanvi Mehta, em Nova Délhi, e Rama Venkat, em Bengaluru; texto de Simon Cameron-Moore, edição de Robert Birsel e Gareth Jones)

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