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    Caso Faustão: transplante de um órgão pode afetar outras partes do corpo?

    O apresentador passou por transplante de rim na segunda-feira (26), seis meses após realizar um transplante de coração

    Gabriela Maraccinida CNN

    O apresentador Fausto Silva, o Faustão, passou por um transplante de rim na segunda-feira (26), no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, devido ao agravamento de uma doença renal crônica.

    O procedimento ocorreu cerca de seis meses após o apresentador passar por um transplante de coração, em agosto de 2023. Naquela época, Faustão enfrentava um quadro de insuficiência cardíaca.

     

     

    O coordenador do Centro Especializado em Nefrologia e Diálise do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Américo Cuvello Neto, comenta que os dois casos podem estar relacionados.

    “Em qualquer caso de transplante de órgão, de maneira geral, muitas das drogas imunossupressoras usadas no tratamento para evitar rejeição do novo órgão podem trazer uma toxicidade para o rim”, afirma o especialista. “Isso é um outro fator que pode justificar a perda ou a agravar um quadro de insuficiência renal já existente”, afirma.

    Insuficiência cardíaca e insuficiência renal: qual a relação?

    Além do transplante de coração em si, o quadro de insuficiência cardíaca também pode levar a danos na função renal.

    “Quando o paciente tem a insuficiência cardíaca, que é caracterizada pelo mal funcionamento do coração, pode haver o comprometimento do rim. Isso porque os rins precisam do aporte de sangue para realizar suas funções. Se o bombeamento de sangue está comprometido, as funções dos rins também podem ser afetadas”, explica Américo.

    Além disso, os medicamentos usados para tratar a insuficiência cardíaca também podem agredir os rins, segundo Paulo Pego Fernandes, cirurgião cardíaco na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

    “À medida em que existem períodos de insuficiência cardíaca grave, é necessária a intervenção medicamentosa que protege o coração, mas que pode acabar agredindo o rim, no sentido de preservar um fluxo melhor para o coração”, explica. “Então, tanto a insuficiência cardíaca como, eventualmente, o tratamento da própria insuficiência cardíaca, isso no pré-transplante, podem levar a algum grau de disfunção renal”, completa.

    No entanto, situações como a de Faustão, em que um transplante de rim é feito meses após um transplante de coração, não são comuns. “Eventualmente, existe a necessidade de transplante de coração e de rim, mas em número relativamente pequeno, é um percentual pequeno dos casos”, afirma Paulo.

    Quando o transplante de rim é indicado?

    De acordo com Américo, o transplante de rim é indicado quando a perda da função renal é crônica e irreversível, ou seja, quando não há mais chance de recuperação.

    “O transplante está indicado nesse contexto em que um paciente tem insuficiência renal crônica e a função renal não tem mais chance de recuperação, ou, então, essa chance é muito remota de acontecer, baseada em uma avaliação clínica”, diz.

    Quando um paciente está com um quadro grave de insuficiência renal, ele é priorizado na lista de espera para transplante do Sistema Nacional de Transplantes assim que surge um órgão doado compatível. “Isso é uma norma, não importa se é uma pessoa pública ou não”, completa.

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