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    Carga viral no sangue pode indicar de risco de morte em pacientes com Covid-19

    A quantidade de material genético do SARS-CoV-2 no sangue pode indicar chances de morte

    Amanda Andradecolaboração para a CNN

    Pesquisadores da Universidade de Montréal desenvolveram um modelo estatístico que usa biomarcadores sanguíneos para identificar pacientes com Covid-19 que têm maior risco de morte.

    Segundo o estudo, publicado na última sexta-feira (26) no jornal acadêmico Science Advances, a quantidade de material genético do SARS-CoV-2 (RNA viral) é um indicador confiável para realizar esse prognóstico.

    “Em nosso estudo, fomos capazes de determinar quais biomarcadores indicam a mortalidade nos 60 dias seguintes ao início dos sintomas”, afirma Daniel Kaufmann, professor de Medicina e um dos autores da pesquisa.

    Ele conduziu os estudos no CRCHUM, o braço de pesquisa do hospital universitário Centre Hospitalier de l’Université de Montréal. “Graças aos nossos dados, desenvolvemos e validamos com sucesso um modelo estatístico baseado em um biomarcador sanguíneo [o RNA viral]”, acrescentou.

    Os pesquisadores coletaram amostras de sangue de 279 pacientes hospitalizados por Covid-19, classificando-os em diferentes graus de gravidade — do moderado ao crítico. As amostras foram colhidas 11 dias após o início dos sintomas, e os pacientes continuaram sendo monitorados por um mínimo de dois meses após a coleta.

    Divididos em três grupos, os cientistas observaram diferentes biomarcadores nas amostras. O primeiro grupo mediu a quantidade de proteínas inflamatórias. Simultaneamente, outro grupo de pesquisadores mediu a quantidade de RNA viral, enquanto uma terceira equipe avaliava os níveis de anticorpos combatendo o vírus. O objetivo era testar a hipótese de que um ou mais desses indicadores imunológicos estavam associados a uma maior mortalidade.

    “Entre todos os biomarcadores que avaliamos, percebemos que a quantidade de RNA viral no sangue era o que estava diretamente associado com mortalidade e o que fornecia o prognóstico mais preciso, uma vez que o nosso modelo tenha sido ajustado para a idade e o sexo do paciente”, diz Elsa Brunet-Ratnasingham, estudante de doutorado no laboratório de Kaufmann e coautora do estudo. “Percebemos até que acrescentar biomarcadores adicionais não melhorava a qualidade do prognóstico”, ressaltou.

    Para confirmar a eficácia do estudo, os cientistas testaram o modelo em dois grupos independentes de pacientes infectados dos hospitais Jewish General Hospital (recrutados durante a primeira onda da pandemia) e do Centre Hospitalier de l’Université de Montréal (durante as segunda e terceira ondas). O modelo funcionou em ambos os grupos.

    Os pesquisadores, agora, querem colocar a descoberta em prática. Sabendo quais pacientes têm maior risco de morte, é possível que os médicos sejam capazes de oferecer tratamentos mais específicos para cada caso.

    “Seria interessante usar o modelo para monitorar os pacientes com a seguinte questão em mente: ‘Quando você administra novos tratamentos que se mostraram eficazes, a carga viral continua sendo um indicador preditivo de mortalidade?’”, questiona Kaufmann.

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