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    Câncer de ovário: Oxford pretende desenvolver 1ª vacina para prevenir a doença

    Cientistas receberam financiamento do Cancer Research UK, do Reino Unido, para realizar estudo focado em criar o imunizante

    Gabriela Maraccinida CNN

    Cientistas da Universidade de Oxford receberam financiamento para desenvolver a primeira vacina do mundo para prevenir o câncer de ovário. Chamada OvarianVax, o imunizante será projetado para ensinar o sistema imunológico a reconhecer e atacar os estágios iniciais do tumor.

    Os pesquisadores financiados pelo Cancer Research UK, do Reino Unido, receberão até £ 600 mil (aproximadamente R$ 4,2 milhões) para realizar um estudo nos próximos três anos para o desenvolvimento da vacina.

    Com o estudo, o objetivo dos cientistas é estabelecer os alvos para a vacina e descobrir quais proteínas na superfície das células de câncer em estágio inicial são mais fortemente reconhecidas pelo sistema imunológico. Eles também pretendem descobrir quão efetivamente a vacina mata minimodelos de câncer de ovário chamados organoides.

    Se a pesquisa for bem-sucedida, os pesquisadores iniciarão os testes clínicos da vacina. A esperança é que, no futuro, as mulheres possam receber o imunizante para prevenir o câncer de ovário.

    No Reino Unido, cerca de 7.500 novos casos de câncer de ovário são identificados todos os anos e é o sexto câncer mais comum em mulheres. No Brasil, a estimativa é de 7.310 novos casos por ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

    O risco de câncer de ovário é maior em mulheres com mutação nos genes BRCA1 e BRCA2, os mesmos que aumentam o risco de câncer de mama, em comparação com mulheres sem essas alterações genéticas. Atualmente, recomenda-se que mulheres com essas alterações tenham seus ovários removidos até os 35 anos, levando à menopausa precoce e à impossibilidade de ter filhos no futuro.

    “Precisamos de melhores estratégias para prevenir o câncer de ovário. Atualmente, mulheres com mutações BRCA1/2, que estão em risco muito alto, recebem cirurgia que previne o câncer, mas as priva da chance de ter filhos depois. Ao mesmo tempo, muitos outros casos de câncer de ovário não são detectados até que estejam em um estágio muito mais avançado”, afirma o professor Ahmed Ahmed, diretor do Laboratório de Células de Câncer de Ovário e líder do projeto OvarianVax.

    “Ensinar o sistema imunológico a reconhecer os primeiros sinais de câncer é um desafio difícil. Mas agora temos ferramentas altamente sofisticadas que nos dão insights reais sobre como o sistema imunológico reconhece o câncer de ovário”, afirma.

    Como a vacina contra o câncer de ovário funcionará?

    Em pesquisas anteriores, a equipe de pesquisadores liderada pelo professor Ahmed descobriu que células imunes de pacientes com câncer de ovário “lembram” o tumor. Com base nisso, os cientistas treinarão o sistema imune para reconhecer mais de 100 proteínas na superfície do câncer de ovário, conhecidas como antígenos associados a tumores.

    Eles pretendem descobrir quais desses antígenos ativam o sistema imunológico para reconhecer e matar células que estão se tornando câncer de ovário. Para isso, os pesquisadores utilizarão amostras de tecido dos ovários e trompas de falópio de pessoas com câncer de ovário para recriar os estágios iniciais do câncer no estudo.

    Os pesquisadores trabalharão com representantes de pacientes e do público para estabelecer quem estaria disposto a tomar a vacina, quem poderia se beneficiar mais dela, como ela poderia ser administrada e como garantir que ela seja adotada pelo maior número possível de mulheres elegíveis, caso seja bem-sucedida em futuros ensaios clínicos. No entanto, ainda levará muitos anos para que a vacina seja amplamente disponível.

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