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    Câncer de mama: entenda como amamentação pode reduzir risco

    Durante o aleitamento, taxas de hormônios que favorecem o desenvolvimento do tumor caem na mulher

    Gabriela Maraccinida CNN

    A amamentação é uma das formas de proteger as mães do risco de desenvolver câncer de mama. Segundo um estudo publicado na revista Cancer Medicine, em 2023, o risco do tumor é reduzido em 4,3% a cada 12 meses de amamentação.

    De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), isso acontece porque, durante o aleitamento, as taxas de hormônios que favorecem o desenvolvimento do câncer de mama caem na mulher. Além disso, a amamentação promove a eliminação e a renovação de células que poderiam ter lesões no material genético, reduzindo as chances do tumor.

    “Durante o ciclo menstrual, a mulher produz uma quantidade alta de hormônios femininos, o estrógeno e a progesterona, que fazem muitas coisas boas pelo corpo, mas também estimulam as células mamárias”, explica Guilherme Novita, mastologista da Oncoclínicas, à CNN.

    “A célula mamária durante o ciclo menstrual sofre uma proliferação e, depois, isso regride. Toda vez que há uma proliferação de células, pode ser que surja uma célula com defeito ou cancerígena. Então, a mulher que tem maior número de ciclos menstruais ao longo da vida acaba sendo aquela que tem maior risco de câncer de mama”, acrescenta.

    Durante o período de amamentação, o ovário da mulher fica adormecido, segundo Novita, o que reduz a liberação de hormônios que podem favorecer a proliferação de células mamárias. Consequentemente, a amamentação ajuda a proteger a mulher do risco de câncer de mama.

    No entanto, segundo o mastologista, essa proteção é pouca. “Ao falar de amamentação e câncer de mama, podemos gerar alguns problemas, como uma mulher que amamentou e acredita que nunca terá câncer, e outra que nunca amamentou e acredita que está em maior risco. E, na verdade, o que as pesquisas mostraram é que aquelas mulheres que iniciaram uma vida reprodutiva muito jovens, antes dos 18 anos, e tiveram muitos filhos, intercalando mais gestação e amamentação, tiveram menor risco de câncer de mama”, esclarece.

    O especialista ressalta que mulheres que tiveram poucos filhos (entre um e dois) podem ter o mesmo risco de câncer de mama de mulheres que nunca amamentaram. “O grande benefício na proteção é para aquela mulher que se enquadra naquela população que tem múltiplas gestações seguidas de amamentação, que basicamente isso a gente não vê no nosso dia a dia em cidades grandes como São Paulo e Rio de Janeiro”, afirma.

    De acordo com o Inca, cerca de 17% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis, que vão além da amamentação. É o caso de praticar atividade física, manter o peso corporal adequado, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e o tabagismo (incluindo o passivo).

    Amamentação e tratamento para câncer de mama

    Existem alguns casos em que um câncer de mama é identificado durante uma gravidez, gerando dúvidas em relação ao tratamento e à possibilidade de amamentação. Segundo Novita, o câncer de mama é a segunda maior causa de câncer durante uma gestação.

    “É raro de acontecer, mas os casos têm aumentado por um motivo: antes, havia uma média de mulheres engravidando por volta dos 25 anos de idade, quando é mais raro ter o câncer. Hoje, há o envelhecimento da maternidade. Então, cada vez mais, vemos mulheres tendo filhos com 30 a 45 anos, uma idade em que há um risco maior de câncer de mama”, afirma.

    É possível tratar o câncer durante uma gestação, evitando, apenas, exames como raio-x, tomografias e PET-Scan, e tratamentos à base de radioterapia, que devem ser postergados para após o fim da gravidez.

    No entanto, os riscos podem variar de acordo com a idade gestacional da paciente. Em matéria publicada anteriormente na CNN, Christine Marques Ferreira, diretora médica nacional da Linha Obstétrica da Hapvida NotreDame Intermédica, explica que, no primeiro trimestre, os principais riscos incluem aborto espontâneo, teratogênese e malformações fetais.

    “Nos trimestres seguintes, especificamente no segundo e no terceiro, podemos observar riscos como restrição do crescimento e sofrimento fetal. No entanto, é importante ressaltar que alguns tipos de quimioterapia podem ser administrados com segurança nessas fases, sempre levando em consideração o estado de saúde da mãe e do bebê”, afirma Ferreira.

    Durante o tratamento de câncer de mama, o ideal é que a mulher não amamente. “É importante lembrar que muitas medicações passam a barreira do leite. Então, se você está fazendo radioterapia, quimioterapia ou qualquer outra medicação, não compensa expor o feto ao risco”, ressalta Novita.

    Nesse caso, vale apostar em alternativas ao aleitamento, como banco de leites, suplementações ou fórmulas são viáveis para a nutrição do lactente.

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