Câncer de mama: apenas 30 minutos de exercícios já beneficiam pacientes
Estudo mostra que meia hora de atividade física pode aumentar a quantidade de glóbulos brancos que combatem células cancerígenas na corrente sanguínea
Praticar exercícios físicos traz benefícios diversos para a saúde como um todo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que se pratique, pelo menos, 150 minutos de atividade física moderada ou intensa por semana, o que equivale a 30 minutos diários. Essa recomendação vai ao encontro de um novo estudo que mostrou que meia hora de exercícios físicos já é o suficiente para pacientes com câncer de mama obterem benefícios contra o tumor.
De acordo com pesquisadores da Universidade de Turku, na Finlândia, a prática de exercícios por 30 minutos pode aumentar a proporção de glóbulos brancos que destroem tumores na corrente sanguínea de pacientes com câncer de mama. O estudo foi publicado na revista Frontiers in Immunology no final de junho.
Os glóbulos brancos são células que compõem nosso sistema imunológico e ajudam no combate a bactérias, vírus e câncer. No entanto, nem todos os glóbulos brancos destroem células cancerígenas. Essa função é realizada por células T citotóxicas e células assassinas naturais. Já alguns tipos de glóbulos brancos podem promover o crescimento do tumor, como as células T reguladoras e células supressoras derivadas de mieloides.
“O equilíbrio de diferentes tipos de glóbulos brancos determina se o sistema imunológico trabalha para destruir o câncer ou para apoiá-lo. Se houver mais células destruidoras de câncer do que células promotoras de câncer na área do tumor, o corpo é mais capaz de combater o câncer”, explica a autora principal, pesquisadora de doutorado Tiia Koivula da Universidade de Turku, Finlândia.
Diante disso, o objetivo dos pesquisadores era entender como o exercício físico poderia influenciar no equilíbrio de células do sistema imunológico. Para isso, vinte pacientes que tinham sido recentemente diagnosticadas com câncer de mama e, portanto, ainda não tinham iniciado os seus tratamentos, foram submetidas a 30 minutos de exercícios físicos em uma bicicleta ergométrica, em intensidade à escolha da participante.
Amostras de sangue foram coletadas das pacientes em repouso, antes da pedalada, durante e após o exercício. Essas amostras foram analisadas para calcular a quantidade dos diferentes tipos de glóbulos brancos, comparando as quantidades antes e depois do exercício.
Enquanto as pacientes pedalavam, a quantidade de glóbulos brancos aumentou na corrente sanguínea, segundo os pesquisadores. O aumento foi mais expressivo nas células T citotóxicas e células assassinas naturais, que atuam destruindo células tumorais. Por outro lado, o número de células T reguladoras e células supressoras derivadas de mieloides, que são promotoras do câncer, não mudou.
Além disso, os pesquisadores descobriram que a proporção de células assassinas naturais em relação à contagem total de glóbulos brancos aumentou significativamente na corrente sanguínea, enquanto a proporção de células supressoras derivadas de mieloides diminuiu.
“Neste estudo, foi visto que o número de quase todos os tipos de glóbulos brancos diminuiu de volta aos valores de repouso uma hora após o exercício. Com o conhecimento atual, não podemos dizer para onde os glóbulos brancos vão após o exercício, mas em estudos pré-clínicos, células destruidoras de câncer foram vistas migrando para a área do tumor”, afirma Koivula.
Quanto maior o câncer, menor é o aumento de células destruidoras
Por outro lado, o estudo descobriu que quanto maior o tumor na mama, menor o número de células assassinas naturais aumentava. Se o câncer de mama era positivo para receptor de estrogênio e/ou progesterona, o número de células T citotóxicas aumentava menos do que em cânceres negativos para receptor de hormônio.
“Em nosso estudo anterior, encontramos pequenas indicações de que o tipo de câncer de mama pode afetar os efeitos do exercício nos glóbulos brancos, e é por isso que queríamos examiná-lo mais a fundo. No entanto, as correlações que encontramos não foram muito fortes e, portanto, nenhuma conclusão decisiva pode ser tirada dos resultados. De acordo com o conhecimento atual, é benéfico para todos os pacientes com câncer se exercitarem, e nosso estudo recente apoia essa noção”, afirma Koivula.
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