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    Campinas quer esterilizar capivaras após novas mortes por febre maculosa

    Prefeitura realiza contagem de animais em local provável de infecção de vítima recente; cidade acumula cinco mortes pela doença em 2023

    Capivara em parque público de Campinas
    Capivara em parque público de Campinas Carlos Bassan/Arquivo PMC

    Léo LopesCarolina FigueiredoLetícia Cassianoda CNN

    em São Paulo

    A cidade de Campinas, no interior de São Paulo, informou, na última quarta-feira (2), que mais duas pessoas morreram por febre maculosa – levando o total de mortes a cinco neste ano. Por isso, a administração municipal pretende completar nos próximos dias um levantamento de capivaras na cidade, com o objetivo de esterilizar os animais para diminuir o risco de transmissão da doença.

    O trabalho começou no último dia 21 de junho com a contagem da população de capivaras em parques públicos da cidade. A contagem identifica, além do número de animais, quais são machos, fêmeas, filhotes, os que estão em grupos ou solitários.

    Veja também: Carrapato deve ser retirado delicadamente para evitar febre maculosa, diz infectologista

    “Pelo levantamento, foram identificadas 48 capivaras na Lagoa do Taquaral, 28 no Lago do Café, 10 no Parque das Águas, 65 no Parque Ecológico, quatro na Lagoa do Mingone, oito na Lagoa do Jambeiro, e seis no Parque das Pedras, na região do Shopping D. Pedro”, informou a Prefeitura de Campinas em comunicado.

    Na próxima segunda-feira (7), será iniciado o levantamento na área de lagos da Fazenda do Exército. O local é visto como provável local de infecção de uma das duas pessoas que morreram recentemente pela doença na cidade. A previsão é que a contagem de capivaras leve cinco dias.

    A Prefeitura explicou que o censo é “necessário para o município obter junto ao governo estadual licença para promover a esterilização dos animais, medida que auxilia na diminuição do risco de transmissão da febre maculosa”.

    “A esterilização evita não só o nascimento de novos filhotes como a entrada de novos membros no grupo e, com isso, a circulação da bactéria rickettsia, que infecta o carrapato”, explicou o veterinário Paulo Anselmo Nunes Felipe, da Secretaria do Verde de Campinas.

    Capivaras em parque público de Campinas
    Capivaras em parque público de Campinas / Carlos Bassan/Arquivo PMC

    Mortes por febre maculosa

    A cidade de Campinas confirmou, na última quarta-feira (2), mais duas mortes por febre maculosa. Em 2023, foram sete casos confirmados, com cinco mortes. No ano passado, foram 11 casos e sete mortes – a região de Campinas é considerada endêmica para a doença.

    Em todo o estado de São Paulo, a Secretaria da Saúde informou que, até 3 de agosto, foram registrados 22 casos e 12 mortes.

    Um dos mortos recentemente em Campinas é um homem de 46 anos, que morreu em 9 de julho. A Prefeitura de Campinas disse que o local provável de infecção fica em outro município, sem especificar qual. A região metropolitana da cidade é composta por 21 municípios.

    A segunda morte foi de um homem de 18 anos, o soldado Jonatas Nascimento Conceição, que morreu no dia 28 de julho, no Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP).

    Veja também: Febre maculosa: o que é, como é transmitida e como se prevenir?

    “No momento, há outros casos de militares da guarnição de Campinas com quadro suspeito de febre maculosa, sem gravidade, que está sendo tratado e acompanhado com a adoção dos protocolos médicos previstos para o caso, em estreito contato com as autoridades de saúde do município. Todos os casos são informados via canal técnico para a Secretaria Municipal de Saúde de Campinas”, informou o Comando Militar do Sudeste em nota.

    “As organizações militares de Campinas atuam de forma proativa e preventiva na aplicação de recursos no combate à febre maculosa, seja na aquisição de repelentes a base de acaricida, antibióticos para a prevenção e tratamento de febre maculosa, aquisição de repelentes em gel e para emprego em uniformes, bem como tem atuado prontamente na aquisição de carrapaticida, distribuição de repelente em gel”, acrescentou.

    A doença

    A febre maculosa é transmitida por um carrapato infectado do gênero Amblyomma sp., conhecido popularmente como carrapato-estrela, que pode se hospedar em capivaras e em outros mamíferos.

    A doença pode demorar até duas semanas para se manifestar após o contato inicial e, conforme o Ministério da Saúde, os principais sintomas da doença são febre, dor de cabeça intensa, náuseas e vômitos, diarreia e dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés, gangrena nos dedos e orelhas, e paralisia dos membros, que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando parada respiratória.

    Para reduzir os riscos da infecção, os carrapatos devem ser removidos do corpo com cuidado, como orienta a médica infectologista Luana Araújo.

    Caso a pessoa passe por áreas de vegetação, mato ou pastos, especialmente próximas de cursos hídricos, onde há presença de cavalos e capivaras, deve ficar atenta, por cerca de 15 dias, aos sintomas da doença.

    Ao apresentar um destes sinais, a pessoa deve procurar imediatamente o serviço de saúde e informar que teve contato com o carrapato e/ou esteve com locais de risco, pois os sintomas podem ser confundidos com outras doenças febris agudas, como Covid-19 e dengue.

    Não existe vacina contra a doença e não é possível eliminar totalmente o carrapato das áreas de vegetação. A febre maculosa tem cura, mas o tratamento precisa ser iniciado precocemente com antibióticos apropriados.