Campanha de vacinação para crianças contra gripe e sarampo começa nesta segunda
Segundo Ministério da Saúde, público-alvo infantil tem 12,9 milhões de pessoas
A partir desta segunda-feira (2), as crianças de seis meses a menores de cinco anos devem ser levadas aos postos de saúde para a vacinação contra a gripe e o sarampo. Segundo dados do Ministério da Saúde, 12,9 milhões fazem parte do público infantil prioritário.
A campanha nacional de imunização acontece em duas etapas. A primeira começou em 4 de abril, quando idosos e os trabalhadores de saúde começaram a receber a vacina de gripe.
Já nesta segunda etapa, aberta hoje, é a vez das crianças, que podem receber os dois imunizantes no mesmo dia, sem a necessidade de intervalo. O objetivo da campanha é interromper a circulação do sarampo e também prevenir o surgimento de complicações decorrentes da gripe.
Em 2021, a cobertura nacional da primeira dose da vacina tríplice viral foi de 71% e a da segunda de apenas 50%, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Neste ano, o governo federal espera alcançar 95% do público infantil. Vale lembrar que o imunizante protege contra o sarampo, a rubéola e a caxumba.
Em 2016, o Brasil recebeu a certificação da eliminação do sarampo pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Entretanto, em 2018, o vírus foi reintroduzido no país, ocasionando um novo surto com 9.325 casos no Brasil. No período de 2018 a 2021, foram confirmados 39.342 casos e 40 óbitos pela doença.
O presidente do departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Marco Aurélio Sáfadi, ressalta que tomar a vacina é essencial para combater o avanço da doença.
“Sarampo é um problema prioritário. Ele demanda uma alta cobertura da vacinação e, infelizmente, estamos longe disso. A ideia da campanha é exatamente resgatar coberturas para não ter sarampo alastrado. Já temos há 4 anos o sarampo. Vimos que os casos estão se replicando e a vacinação é um elemento extremamente eficaz, que protege contra a infecção e a doença. É importante também ter que as pessoas se vacinem o quanto antes, pois a vinda da influenza e do sarampo aumenta no inverno por conta da sazonalidade”, colocou.
Em 2022, até a Semana Epidemiológica (SE) 8, que vai de 20 a 26 de fevereiro, nove casos de sarampo foram confirmados pelo Ministério da Saúde, sendo que oito foram no Amapá e um caso em São Paulo. Em nota, a pasta diz que a meta é vacinar todas as crianças contra o sarampo de forma indiscriminada, mesmo que já tenham recebido o imunizante, e atualizar a caderneta dos trabalhadores de saúde.
Além das crianças de seis meses a menores de cinco anos, outros grupos também poderão ser vacinados contra influenza e sarampo: gestantes, povos indígenas, funcionários do sistema prisional, caminhoneiros, trabalhadores portuários, professores, pessoas com deficiência e comorbidades, população privada de liberdade e forças de segurança, salvamento e Forças Armadas.
Outro desafio do país é ampliar a cobertura contra influenza. Na nota técnica que divulgou a campanha deste ano, o Ministério da Saúde informou que, em 2021, diante da pandemia de Covid-19, nenhum público-alvo chegou à meta de 90% de vacinação. “O grupo que apresentou maior cobertura vacinal foi o de puérperas com 85,1%, seguido dos povos indígenas (78,2%), e pelas gestantes (78%), e o menor desempenho alcançado foi para o grupo de trabalhadores da saúde com 68,4%”, diz a pasta no documento. No caso do público infantil, a cobertura não chegou a 80%.
Baixa cobertura vacinal de crianças
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) fez um alerta sobre a baixa cobertura vacinal de crianças, que pode abrir espaço para o retorno de doenças como o sarampo e a poliomielite.
Em entrevista à CNN, a oficial de saúde do Unicef no Brasil, Stéphanie Amaral, destacou que a queda tem sido percebida desde 2015.
“A cobertura da pólio, por exemplo, chegava a quase 100% em 2015, em 2019 teve queda para 84% e em 2021 caiu muito mais drasticamente, para 67%. Isso é muito preocupante porque estamos correndo risco de que essas doenças voltem, elas têm gravidade e podem levar à mortalidade, a pólio traz a paralisia infantil e também a morte. É uma situação agravada que a gente precisa reverter não podemos aceitar que crianças morram e sofram por doenças facilmente preveníveis por vacinas”, enfatiza.
(*Com informações de Amanda Garcia e Bel Campos. Sob supervisão de Pauline Almeida)