Brasil tem queda de síndrome respiratória grave em adultos, aponta Fiocruz
Boletim InfoGripe sugere que o cenário pode ser atribuído à diminuição de incidência da síndrome respiratória por Covid-19 nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo
O Brasil apresenta queda lenta de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em praticamente todas as faixas etárias da população adulta. Os dados foram divulgados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta quinta-feira (5).
O boletim InfoGripe, da Fiocruz, sugere que o cenário pode ser atribuído à diminuição de incidência de SRAG por Covid-19 nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, além da interrupção da tendência de crescimento em outros estados do país.
O documento alerta que apesar do cenário favorável, 11 estados ainda apontam para crescimento nas últimas seis semanas. De acordo com o pesquisador Marcelo Gomes, eventuais impactos do aumento de casos por conta das celebrações de final de ano devem ser observados em novas edições do boletim.
“Caso as exposições das festas realmente gerem impacto, ele só poderá ser observado nos casos associados a internações a partir da próxima semana”, pontua o coordenador do InfoGripe, em comunicado.
O estudo indica queda nas tendências de longo prazo, que considera as últimas seis semanas, e de curto prazo, segundo as últimas três semanas. A análise divulgada nesta quinta-feira tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até a última segunda-feira (2).
Nas últimas quatro semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de 1,2% para influenza A; 0,1% para influenza B; 11,1% para vírus sincicial respiratório (VSR); e 78,3% para SARS-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 0,7% para influenza A; 0,1% para influenza B; 0,4% para vírus sincicial respiratório; e 96,1% para o coronavírus.
Em crianças de 0 a 4 anos, o vírus sincicial respiratório mantém presença expressiva especialmente em São Paulo, Distrito Federal e nos três estados da região Sul. Também se observa aumento da presença desse vírus em crianças do Espírito Santo, Minas Gerais e Roraima.
Onze das 27 unidades federativas apresentam crescimento moderado na tendência de longo prazo, das últimas seis semanas: Acre, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima e Tocantins. Em todos esses estados, observa-se crescimento na população adulta, especialmente nas faixas etárias acima dos 60 anos, associado ao aumento de casos de SRAG por Covid-19.
Apenas seis das 27 capitais apresentam crescimento moderado na tendência de longo prazo até o mesmo período: Boa Vista (RR), Goiânia (GO), Manaus (AM), Palmas (TO), Recife (PE) e Rio Branco (AC).
Para os estados e capitais que apresentam queda, a Fiocruz recomenda cautela na interpretação dos dados em função de eventual impacto das celebrações de final de ano, cujos possíveis efeitos serão observados nas próximas semanas.