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    Brasil tem cobertura vacinal média de 27% para doenças infecciosas

    Com exceção da vacina contra Covid e gripe, índice de proteção para outras doenças, como a febre amarela e a hepatite, não chega a 40% da população

    Beatriz PuenteFilipe Brasilda CNN , no Rio de Janeiro

    O Dia da Imunização, celebrado nesta quinta-feira (9), promove a conscientização sobre a importância da vacinação para a saúde de populações de todas as idades, incluindo crianças, adultos e idosos.

    Um levantamento realizado pela CNN, com base em dados do Datasus, mostra que o país tem, em 2022, média de 27% na cobertura vacinal para doenças infecciosas como hepatite, sarampo, febre amarela, tuberculose e poliomielite. Os números do levantamento não consideram a imunização para Covid-19 e gripe.

    A taxa de vacinação no Brasil está abaixo do índice ideal de 90% desde 2015 e sofre quedas consecutivas há pelo menos três anos. Segundo o Datasus, a taxa de cobertura vacinal chegou a 77%, em 2018, a 73%, em 2019, a 67%, em 2020, e ficou em 59% em 2021.

    A BCG, geralmente aplicada nos primeiros dias de vida, foi aplicada em 38% do público-alvo este ano. A tetra viral, que é administrada aos 15 meses de idade e previne varicela, sarampo, caxumba e rubéola tem apenas 2,8% de cobertura vacinal. Em relação à tríplice viral, que também imuniza contra o contra o sarampo, a caxumba e a rubéola a cobertura vacinal é de 20,56% para a segunda dose.

    Para Marcio Nehab, infectologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), um dos fatores que pode justificar a baixa adesão é a perda da percepção de risco quanto às doenças. O sucesso do Programa Nacional de Imunização (PNI) nos últimos anos levou à erradicação de diversas doenças, o que faz com que a população não veja necessidade de continuar se imunizando.

    O especialista aponta os riscos desse comportamento e lembra que, em 2019, o país perdeu o certificado de erradicação do sarampo. Pela alta transmissibilidade do vírus causador da doença e “baixíssima cobertura vacinal”, Nehab afirma que há possibilidade de surtos de sarampo no país.

    “É uma doença que precisamos de uma cobertura muito alta para mantê-la com baixa contaminação. E o Brasil é um país com muita circulação de pessoas, de diversos países, como Afeganistão, Paquistão, Nigéria, que ainda têm essa doença circulando com maior liberdade. Então é preciso pensar a imunização como um ato coletivo. Eu não tomo a vacina só para me proteger, mas para proteger os outros”, afirma o infectologista.

    No caso da vacinação contra a rubéola, por exemplo, ele explica os riscos da negligência na vacinação: “se a cobertura for baixa, acontecem casos em que a mãe pode contrair a doença e, inclusive, passar para o bebê”. O médico e pediatra também avalia que a alta cobertura vacinal contra as doenças protege as crianças menores, que não têm idade para receber certas vacinas.

    Um levantamento do Ministério da Saúde, obtido pela CNN, indicou a desinformação como um dos fatores para a redução da cobertura vacinal. A ausência da doença, por conta de altas taxas de imunização no passado, pode ocasionar uma sensação de que o risco oferecido é baixo. Além disso, é destacado o medo de efeitos adversos, fake news e a falta de recomendação por parte dos profissionais da saúde.

    No caso da gripe e da Covid-19, os números referentes à cobertura vacinal são mais otimistas. Cerca de 44% do grupo prioritário para a gripe já foi vacinado neste ano. No caso do coronavírus, cerca de 78% da população está com o esquema vacinal das duas doses.

    Situação dos idosos

    De acordo com levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), com dados do Ministério da Saúde, a campanha contra a influenza entrou em seu terceiro mês com 55% da população idosa imunizada. A meta é atingir 90% desse grupo.

    Ainda de acordo com a SBGG, dados da Saúde e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que apenas 1 em cada 10 idosos tomou a quarta dose contra a Covid-19. Assim, a adesão está em 6,5% entre pessoas na faixa de 60 a 69 anos; em 14% no grupo de 70 a 79 anos; e em 18% em pessoas com 80 anos ou mais.

    Para a presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Ivete Berkenbrock, a imunização dos idosos é tão importante quanto a das crianças.

    “É bom lembrar que o advento das vacinas é um dos fatores que contribuiu para aumentar a nossa expectativa de vida, é uma das tecnologias que veio para contribuir para que pessoas vivam mais. E da mesma forma, permite que as pessoas vivam com mais qualidade”, afirma a presidente da SBGG.

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