Brasil só tem vacinação como estratégia de combate à Covid-19, diz Pedro Hallal
Para epidemiologista, país abandonou outras políticas públicas, como testagem e uso de máscaras, e Ômicron causaria uma tragédia ainda maior não fosse a adesão à imunização
O epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Pedro Hallal declarou, nesta quinta-feira (3), em entrevista à CNN, que o Brasil abandonou medidas de prevenção à Covid-19 como o uso de máscaras e a testagem, apostando apenas na vacinação.
Segundo Hallal, a variante Ômicron está cumprindo todas as promessas de quando surgiu exatamente por isso. A nova onda tem alta transmissibilidade e é menos agressiva, aumentando o número de casos, mas com as mortes não conseguindo subir no mesmo patamar. Entretanto, ele diz que ainda há um grande registro de óbitos, causado pela elevação na confirmação de infectados.
“A gente sabe que a onda da Ômicron tende a ser mais curta que as ondas anteriores, e talvez até por isso, tem havido alguma subestimativa que passou a ideia de que ela era leve. Se não fizermos nada, por mais alguns dias, a Ômicron vai causar mais de 1 mil mortes por dia. O Brasil insiste em adotar apenas uma medida, que é a vacinação. As outras medidas de testagem e de uso de máscara, parecem que foram abandonadas, e por isso a Ômicron está fazendo a festa no Brasil também”, afirma Hallal.
O país registrou 298.408 infecções pelo coronavírus e 1.041 mortes nas últimas 24 horas, segundo levantamento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), nesta quinta-feira (3).
Com os novos dados, o Brasil superou 26 milhões de casos desde o início da pandemia, chegando a 26.091.520. No total, são 630.001 mortes decorrentes da doença.
O fim da pandemia, para Hallal, segue um grande questionamento cientifico: o que irá surgir após a variante Ômicron? Já há o registro de uma subvariante da Ômicron, chamada de BA.2, identificada até o momento em ao menos 49 países, incluindo os Estados Unidos.
“Quando acabar a onda da Ômicron, o que vai seguir circulando? Não há dúvida de que estão surgindo novas variantes, porque o vírus está circulando como nunca circulou na história. Será que essas novas variantes vão furar a vacina ou serão mais agressivas? Essa é a dúvida. Dependendo dessa resposta, saberemos o quão mais próximos estaremos do fim da pandemia.”
“Mas é sempre é bom lembrar: quanto mais gente vacinada, mais perto estaremos do fim da pandemia. A Ômicron, em alguns lugares, causou muito menos mortes, e esses lugares estão começando a trabalhar com a ideia do fim da pandemia, a Dinamarca foi um exemplo nesta semana”, finaliza Hallal.
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