Brasil pode ser 1º país do mundo a dar aval à Coronavac, diz infectologista
Infectologista Raquel Stucchi explica que decisão sobre a Coronavac estar em estudo em apenas cinco países é do próprio laboratório chinês Sinovac
Cerca de 30 países do mundo já iniciaram a vacinação contra a Covid-19, enquanto o Brasil segue sem previsão para início da imunização.
Até agora, as vacinas mais promissoras de serem aprovadas no Brasil são a da AstraZeneca, que está sendo desenvolvida no Brasil em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e a Coronavac, resultante de acordo entre o laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantan, de São Paulo.
Algumas pessoas se perguntam o motivo de este imunizante estar sendo adotado apenas em mais quatro países – China, Indonésia, Turquia e Índia – além do Brasil. Segundo a infectologista Raquel Stucchi, da Sociedade Brasileira de Infectologia, esta decisão foi feita pelo próprio laboratório Sinovac.
“Só nestes quatro países é que recrutaram voluntários. Isso por uma decisão da Sinovac, do laboratório. Ela poderia ter feito na Inglaterra, onde quisesse, mas ela optou por estes quatro. E o Brasil será o país que dará, vamos dizer assim, o aval. Será o primeiro país que dará a certificação, ou não, da vacina com os resultados globais da fase 3”, diz.
A partir do momento que a Coronavac for aprovada no Brasil, qualquer país do mundo poderá mostrar interesse em comprar e realizar um acordo comercial com a Sinovac.
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Segundo ela, o que dificulta a chegada da vacina no Brasil é a falta de planejamento desde o começo do processo.
“Agora, nós já temos um planejamento feito na América Latina, não só nos países da Europa e nos Estados Unidos. Estes países já planejaram, iniciaram sua vacinação ou estão iniciando, e nós estamos aqui esperando. Isso só pode ser falta de planejamento”.
Stucchi defende que o governo gederal faça um contrato com os laboratórios da Pfizer / BioNtech e com a Moderna. “Até o momento os produtores de vacina não solicitaram a aprovação da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]. A Anvisa trabalha sob demanda. E por que provavelmente a Pfizer não solicitou ainda? Porque não houve interesse do Brasil, não se fechou um contrato com a Pfizer/BioNtech”.
A infectologista explica que existe um consórcio ligado à Organização Mundial de Saúde e um compromisso para que as vacinas cheguem a todos os países, sem excluir os mais pobres. “A vacinação contra o ebola, que foi feita na África, também foi uma vacina que exigia uma temperatura de – 60º e contou, inclusive, com o apoio de uma organização não-governamental – a Fundação da Melinda Ann Gates – para que a vacinação ocorresse. Eu tenho esperança, sim, que todos os países serão contemplados pela vacinação”, diz.
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Segunda dose
Raquel Stucchi explica que os intervalos entre a primeira e a segunda dose variam entre 21, 28 a 30 dias, conforme a especificação de cada laboratório.
“É importante que seja feita a segunda dose. Estes resultados da eficácia da vacina, de mais de 60%, 90%, são de quando a gente analisa duas semanas depois após a segunda dose”.
Ela enfatiza ainda, que a segunda dose, necessariamente, deve ser do mesmo laboratório que a pessoa tomou a primeira.
(Publicado por: Marina Motomura)