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    Boletim epidemiológico mostra que 4.000 testes de monkeypox estão represados

    Fontes do Ministério da Saúde dizem que há um colapso nas testagens

    Kenzô Machida

    A testagem para casos de varíola dos macacos no Brasil ainda não ocorre de forma ampla e com o avanço da doença mais de 4.000 amostras estão represadas nos laboratórios de referência que fazem as análises.

    O levantamento que mostra o gargalo na testagem está no boletim epidemiológico da doença. Fonte com acesso aos dados diz que há um colapso nas testagens, o que o Ministério da Saúde negou.

    Até a última atualização, 4.101 casos suspeitos ainda aguardavam a confirmação do diagnóstico. A informação de represamento foi confirmada pela CNN por fontes do governo federal.

    Atualmente, apenas oito laboratórios de referência analisam as amostras coletadas em todo o país. A testagem é restrita e o resultado pode demorar dias para chegar.

    A CNN apurou com especialistas que existe uma dificuldade de logística para recolher as amostras do país e que faltam testes específicos no mercado para serem comercializados. Há também dificuldade em obter kits com reagentes que possibilitariam capacitar mais centros de testagem no Brasil.

    No começo do mês, o ministro da Saúde Marcelo Queiroga, disse em entrevista à CNN que o governo pretendia ampliar até o final da primeira semana de agosto os laboratórios que fazem o diagnóstico da varíola dos macacos no Brasil. O objetivo era expandir para todos os laboratórios centrais do país – 27, sendo um em cada unidade da federação, mas até o momento isso não ocorreu.

    A CNN apurou com fontes do Ministério da Saúde nesta quarta-feira (17) que representantes da pasta estiveram reunidos com integrantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tentar agilizar para o uso de excepcionalidade a liberação de testes que são produzidos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

    A instituição fez o pedido por meio do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) para o registro de dois testes diagnósticos da varíola dos macacos à Anvisa. Ambos os testes do tipo PCR – considerado de excelente padrão para o diagnóstico.

    Para Alexandre Naime, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), “se consideramos a positividade atual, em cerca de 40 a 50%, isso dá entre 1.000 a 2.000 pacientes que não estão sendo manejados da forma correta. Sem isolamento, tratamento clínico e orientação, aumentado a chance de agravamento individual, e de transmissão da doença”.

    “E também uma enorme incoerência do ministro em não querer decretar estado de emergência. Se não há como realizar os exames, é porque falta estrutura, e o estado de emergência ajudaria essa questão”, continuou Naime.

    Outro lado

    Em nota enviada à reportagem, o Ministério da Saúde informou que “não há colapso no diagnóstico para varíola dos macacos nos Laboratórios Centrais e de Referência do país”.

    De acordo com a pasta, “a informação referente aos 4.000 casos em investigação se refere aos casos classificados pelos estados e municípios como suspeitos, que não necessariamente aguardam resultado laboratorial, tendo em vista que a confirmação de casos envolve também investigação clínica-epidemiológica”.

    Sobre a rede de diagnóstico laboratorial, o Ministério da Saúde alega que investiu no fortalecimento e ampliação da capacidade dos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen).

    “Desde o início de julho, com o aumento do número de casos da varíola dos macacos, a pasta iniciou o processo de descentralização do diagnóstico de monkeypox para todos os Lacens da rede, permitindo testagem oportuna para adoção de medidas de contenção e controle. Desta forma, é possível garantir a cobertura do diagnóstico de todo o país”, diz a nota do ministério.

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