Baixa adesão à vacinação de HPV contribui para aumento dos casos de câncer no útero
Brasil registra em média 16 mil casos de câncer de útero, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou novamente todos os países para uma iniciativa que visa diminuir os casos de câncer de colo de útero até 2030.
Apesar de ser uma doença evitável, tratável e com vacina disponível na rede pública de saúde, o Brasil tem incidência de 16 mil casos por ano, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA). O câncer de colo de útero é o quarto tipo mais prevalente no Brasil e no mundo e o terceiro com maior grau de mortalidade no país.
Para a Fundação do Câncer, um dos principais problemas no combate à doença é a baixa adesão à vacina contra HPV.
O esquema vacinal completo inclui duas doses para meninos e meninas. Porém, apenas 57% das meninas e 36% dos meninos completaram esse calendário. Desde 2014, a vacina é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.
As medidas restritivas impostas pela pandemia da Covid-19 e o fechamento das escolas podem ter impactado na baixa adesão pela vacinação, segundo especialistas. Isso porque as principais campanhas, de acordo com a fundação, são feitas nas escolas públicas.
No ranking de unidades da federação com menor índice de vacinação de duas doses para meninas, o Acre lidera com apenas 33,6% do público-alvo vacinado, seguido pelo Rio Grande do Norte, com 46,2%, e o Pará, com 43,9%. O Rio de Janeiro vem logo em seguida, com uma cobertura vacinal de 44,6%.
Entre os que mais vacinaram estão Paraná, com 72,7%, Minas Gerais, com 66,8% e Santa Catarina, com 65,2%.
“O imunizante vai ser eficaz se a mulher não tiver tido contato com o vírus ainda. Após o início da vida sexual, a possibilidade de que já tenha havido o contato com o vírus é grande”, explica Flávia Miranda Corrêa, pesquisadora da instituição.
Dados da Fundação do Câncer apontam que 35% dos casos já são diagnosticados em fase avançada, dificultando o tratamento e diminuindo as chances de cura. A fundação acrescenta que a realização do exame preventivo é importante porque o câncer de colo de útero só apresenta sintomas quando já está em estágio avançado.
O cenário é ainda mais grave em regiões com menor acesso ao rastreio e diagnóstico da doença, como Nordeste, Norte e Centro-Oeste do país, regiões que possuem maior índice de câncer de colo de útero.
“Uma mulher da Região Norte tem três vezes mais chances de morrer de câncer de colo de útero que uma mulher da Região Sudeste”, apontam os dados.
Para diminuir os índices no Brasil, a Fundação do Câncer lançou um projeto para Fortalecimento das Ações de Prevenção Primária e Secundária da doença, que contempla quatro linhas de atuação: incentivo à produção científica; capacitação da assistência primária e secundária; fortalecimento das ações de prevenção, rastreamento de mulheres assintomáticas e tratamento da doença; e a efetiva e correta comunicação e mobilização da população sobre o câncer do colo de útero (CCU).
As medidas foram anunciadas nesta quarta-feira (17), data em que completa um ano do lançamento das metas da Organização Mundial da Saúde para combate ao câncer de colo de útero.
A OMS preconiza que em nove anos os países devem vacinar 90% das meninas com 15 anos contra o HPV, garantir que 70% das mulheres façam testes de rastreamento aos 35 anos, e aos 45 anos e permitir que 90% das mulheres diagnosticadas estejam em tratamento contra o câncer de colo de útero.