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    BA.2, versão recém-detectada da Ômicron, não é motivo de alarme, dizem cientistas

    Subvariante está se tornando cepa dominante na Dinamarca e Índia; não há indicação de que mutação cause doença grave ou dissemine mais facilmente

    Foto de ilustração sobre a variante Ômicron do coronavírus
    Foto de ilustração sobre a variante Ômicron do coronavírus REUTERS/Dado Ruvic

    Brenda Goodmanda CNN

    Uma subvariante da Ômicron, variante do coronavírus, está chamando a atenção dos cientistas conforme se torna a dominante das infecções por Covid-19 em algumas partes do mundo.

    Especialistas dizem que não há motivo para pânico da cepa, chamada BA.2, que foi identificada pela primeira vez no início de dezembro e desde então se espalhou para 49 países, incluindo os Estados Unidos.

    “Entre todas as linhagens da Ômicron, esta é a que apresenta maior aumento de casos. Mas temos que ter cuidado ao interpretar isso, porque aumentos maiores quanto há um número muito baixo são mais fáceis de observar”, disse Ramon Lorenzo-Redondo, professor-assistente de medicina para doenças infecciosas na Northwestern University Feinberg School of Medicine, em Chicago, nos Estados Unidos.

    Como a versão mais familiar da Ômicron, a BA.2 tem um grande número de alterações – cerca de 20 – concentradas na proteína spike, a parte do vírus que é alvo das vacinas.

    No entanto, ao contrário da Ômicron, ela não causa a chamada de falha no alvo do gene S nos testes de laboratório, o que significa que pode se parecer com outras variantes do SARS-CoV-2 em uma primeira vista. Por isso, alguns a chamam de “a variante disfarçada”.

    Lorenzo-Redondo diz que esse apelido fez com que as pessoas pensassem que ela não pode ser detectada em testes de laboratório, o que não é o caso.

    “Tem havido mensagens confusas sobre este assunto. Tanto os testes laboratoriais aprovados pela FDA (agência americana do Departamento de Saúde) quanto os testes caseiros devem detectar essa linhagem, bem como a outra Ômicron (sublinhagem), a BA.1”, disse ele.

    Não há indicação de que BA.2 cause a forma mais grave da doença ou dissemine mais facilmente do que a cepa original da Ômicron. Um relatório divulgado na última quinta-feira pela Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido oferece garantias adicionais, sugerindo que as vacinas atuais protegem tão bem contra o BA.2 quanto contra a variante Ômicron original, com melhor proteção contra os sintomas – uma média de 70% – duas semanas após a dose de reforço.

    A versão do vírus que os pesquisadores chamaram de Ômicron inclui várias famílias virais. A família BA.1 é a que causa quase todas as infecções por Ômicron nos EUA. Agora, uma segunda família, a BA.2, está começando a ganhar força em outros países, principalmente na Índia e na Dinamarca.

    Na Dinamarca, a BA.2 agora responde por cerca de metade de todos os novos casos de Covid-19, de acordo com uma declaração recente do Instituto Statens Serum do país.

    Na quinta-feira, o diretor do Centro Nacional de Controle de Doenças da Índia, Dr. Sujeet Kumar Singh, disse que a BA.2 se tornou a cepa dominante lá.

    A mutação BA.2 também foi encontrada na África do Sul e no Reino Unido, onde foi designada como uma variante sob investigação pela Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido. Uma variante sob investigação é aquela que está se espalhando no país e sendo monitorada, porque pode se propagar mais facilmente de pessoa para pessoa ou ter características que a tornam mais resistente a tratamentos ou vacinas.

    Nos EUA, cerca de 100 casos da BA.2 foram relatados em pelo menos 20 estados, de acordo com o site de compartilhamento de sequências GISAID.org.

    Atualmente, a BA.2 representa menos de 1% dos casos de Covid-19 nos EUA, de acordo com Outbreak.info, um projeto de dados da Scripps Research.

    No Hospital Houston Methodist, no Texas, os pesquisadores estão sequenciando os genomas virais de todos os casos positivos de Covid-19 que encontram. Dos mais de 4 mil genomas sequenciados desde o primeiro dia do ano, eles encontraram apenas três casos da sublinhagem BA.2, disse o Dr. Wesley Long, diretor médico de microbiologia.

    Será que ela vai se espalhar do jeito que tem acontecido na Índia e na Dinamarca? “Acho que ainda é muito cedo para dizer”, diz Long.

    Os vírus mudam ou sofrem mutações o tempo todo. A maioria dessas mudanças não são prejudiciais. Mas, ocasionalmente, um vírus vai mutar de uma maneira que o ajuda a se tornar mais competitivo. Ele pode transmitir mais rapidamente, por exemplo, ou se ligar a células com mais facilidade.

    Long diz que é difícil saber por que a BA.2 está ganhando terreno em alguns países. Pode ser que ela tenha algum tipo de vantagem sobre a variante Ômicron original, ou talvez BA.1 e BA.2 tenham sido introduzidas na mesma época, então elas foram capazes de se espalhar da mesma forma.

    Mas ele diz que esses países serão observados de perto para ver como a situação se desenrola nas próximas semanas.

    Os cientistas dizem que o nova subvariante da Ômicron não é uma surpresa e, de fato, já era esperada, tendo em vista que cerca de metade da população mundial ainda não foi vacinada contra o coronavírus.

    “Eu ficaria muito supresa, com o estado atual da população global em termos de status imunológico, se não víssemos mais variantes emergindo”, diz Angela Rasmussen, virologista da Organização de Vacinas e Doenças Infecciosas da Universidade de Saskatchewan, no Canadá.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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