Autoteste amplia responsabilidade de pacientes no controle da pandemia
Ministério da Saúde deve pedir à Anvisa que autorize uso de método para controlar avanço da Covid-19 no país, impulsionada pela chegada da variante Ômicron
Na edição desta terça-feira (11) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes conversou sobre o funcionamento dos autotestes para a Covid-19. Nesta semana, a expectativa é de que o Ministério da Saúde peça liberação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o método, que já é utilizado em outros países ao redor do mundo.
Atualmente, uma resolução da Anvisa proíbe os autotestes para a Covid-19, mas o governo federal acredita que essa possa ser uma saída para desafogar laboratórios e unidades de saúde no país após a mais recente alta de casos da doença, impulsionada pela variante Ômicron.
Para Fernando Gomes, a autotestagem já é comum na medicina, como em casos de medição de glicose no sangue para pacientes com diabete ou de gravidez. “Não é nada muito novo quando falamos em aplicação para a população em larga escala”, defendeu.
No caso do coronavírus, o paciente que possui o kit realiza a coleta através da secreção do nariz ou da boca com um cotonete. Na sequência, a haste é introduzida em um processo químico e colocada para a testagem. O resultado sai em cerca de meia hora, indicando tanto o resultado positivo quanto negativo para a presença do vírus.
“Existe uma segurança biológica, existem trabalhos científicos mostrando a eficiência do teste, mas é lógico que existe a variação humana. Obviamente, até agora, isso tem sido feito por profissionais da saúde treinados. Mas a autotestagem pode, sim, ajudar a um comportamento ativo em termos de segurar uma pessoa que esteja assintomática para que ela não passe a doença para outras pessoas”, afirmou Gomes.
O neurocirurgião explicou que a execução inadequada do teste pode resultar em um resultado errôneo, como um falso negativo. Porém, por não se tratar de uma prova molecular – o chamado RT-PCR – o autoteste não necessita de uma inserção tão profunda do cotonete e pode detectar a doença com mais facilidade. “A haste flexível com o algodão na ponta precisa ter contato com a secreção para que o exame seja feito.”
“Existe a necessidade de um comportamento ativo de quem vai realizar o autoteste para tentar fazer da melhor forma possível de forma que a própria análise seja o mais fidedigna possível”, concluiu.
Segundo o médico, a demora da Anvisa em autorizar o uso e venda do autoteste tem explicação científica. Gomes citou a realização e análise de estudos, além do processo de confecção e aplicação do produto.
“Trazemos aqui uma corresponsabilidade para todos os habitantes a partir do momento que temos isso disponível. É muito importante fazer o ajuste, sim, do período de quarentena, mas de uma forma muito prática e ativa tentar controlar a pandemia com uma ferramenta a mais”, finalizou.