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    As mães estão esgotadas: o que podemos fazer para aliviar o fardo?

    Confira dicas para tornar a convivência familiar mais equilibrada e melhorar o ambiente em casa

    Por John Duffy, CNN

    Há mais de 20 anos, não era surpresa que as mulheres cuidassem da maior parte da criação dos filhos, bem como de todos os outros trabalhos domésticos. Descobri que isso é verdade em minha pesquisa de dissertação em 1999 sobre os papéis de gênero nas famílias, independentemente de as mães trabalharem fora de casa.

    Duas décadas depois, essa proporção não mudou significativamente. As mães ainda criam os filhos. Ainda cuidam da maior parte da comida, limpeza, lavanderia e assim por diante. Como resultado, estou descobrindo nos últimos anos que as mães que são casadas com homens estão cada vez mais esgotadas, gastando seu tempo e energia cuidando de seus filhos, maridos e casa, quando não estão ocupadas com outra coisa.

    A distribuição do trabalho com os pais permanece mínima. E, infelizmente, a verdade é que realmente não fizemos muito para mudar a atitude milenar de que trabalho doméstico é trabalho de mulher.

    Depois que o confinamento pelo coronavírus e as medidas de restrição começaram nos Estados Unidos, em março de 2020, as tarefas assumidas pela maioria das mães em casa aumentaram exponencialmente. O trabalho doméstico diário, que no passado poderia ter sido gerenciável, aumentou à medida que a maioria das famílias americanas começou a passar o dia e a noite inteiros em casa. E a natureza desse trabalho também mudou imensamente durante a pandemia.

    Muito mais mantimentos precisaram ser comprados e – até que soubéssemos mais sobre como o coronavírus se espalhava – desinfetados antes do armazenamento. Mais comida teve que ser preparada e pratos lavados. Os quartos precisaram ser limpos com mais frequência. A assistência na lição de casa exigiu experiência não apenas em matemática e história, mas também em tecnologia para navegar por várias ferramentas educacionais e chamadas de videoconferência. E a mamãe também precisou administrar todas as mudanças práticas em sua própria vida.

    Depois de mais de um ano na esteira da pandemia, as mães estão exaustas. E isso antes mesmo de considerar todo o trabalho que elas fazem e que você não pode ver.

    O acréscimo oculto do trabalho emocional

    Sabemos que elementos práticos para manter uma casa funcionando bem são um trabalho poderoso em qualquer casa. Mas há outro elemento de trabalho que é igualmente oneroso, se não mais.

    O trabalho emocional, no contexto que o usaremos aqui, representa o trabalho de administrar todos os elementos baseados em sentimentos da vida familiar. Isso inclui ouvir uma criança quando ela está decepcionada por perder um jogo, peça, dança ou formatura, e conter aquela raiva para que ela possa seguir em frente. É estender a mão para parentes ou amigos que podem estar sozinhos, ou fornecer apoio para situações de luto, medo ou tristeza para a família em meio a um diagnóstico ou perda pela Covid-19.

    Também pode significar dar um ombro amigo para o cônjuge se apoiar quando ele está ansioso com a perda de um emprego, agindo de maneira rude com os filhos ou irritado com você.

    É essa capacidade e vontade de medir a temperatura emocional da casa – quem está numa batalha, quem pode estar perto do ponto de ebulição, quem precisa de algum tempo sozinho, quem pode precisar de terapia – que manteve nossas famílias razoavelmente sãs durante todo o período da pandemia.

    O trabalho emocional é um trabalho poderoso. É esotérico, contínuo e infinitamente desgastante. E o trabalho emocional em quase todas as famílias tende a recair diretamente sobre as mães. Essa carga emocional aumenta enormemente o fardo de uma população já esgotada, especialmente agora.

    A mudança de papeis dos pais

    Para ser justo, pais em relacionamentos heterossexuais estão muito mais envolvidos na vida de seus filhos do que antes. Eles reservam mais tempo para brincar com seus filhos pequenos. Participam de mais jogos, recitais e reuniões de pais e professores. Eles são pais mais ativos, certamente, do que seus pais eram uma geração atrás.

    Mas descobri que poucos maridos e pais, dentro e fora da minha clínica, realmente entendem a quantidade de trabalho realizado por mães e esposas no dia a dia. E eles têm pouca compreensão do trabalho emocional realizado por suas parceiras. Muitas vezes, chegam a desconsiderá-lo como se fosse uma preocupação desnecessária e sem importância.

    Muitos pais casados e heterossexuais com quem trabalho acham, com frequência, que montar um escritório em casa e ter uma renda é suficiente em termos de sua contribuição para o trabalho de cuidar dos filhos e administrar uma casa, mesmo que a mãe também esteja fazendo renda. Por vezes, isso deixa as mães sozinhas, gerenciando os dois tipos de trabalho, exclusivamente, em algumas ocasiões.

    O que os pais podem fazer para ajudar

    Os pais podem fazer muito mais para aliviar o fardo das mães em relação às tarefas domésticas, e eles precisam ir além do que suas esposas pedem. A situação mantém as mulheres no papel de administradoras da casa, em oposição a um senso de responsabilidade compartilhado. É muito melhor e mais útil alinhar juntos as tarefas que precisam ser realizadas em um determinado dia, semana ou mês. Encontre um equilíbrio que funcione para vocês dois, não apenas para o restante da pandemia, mas daqui em diante. Isso é crucial.

    Mais importante, é hora de os homens adquirirem um grau mais alto de inteligência emocional, para que possam absorver parte do trabalho emocional da casa. Para aprender a fazer isso, os homens podem começar aprendendo a identificar melhor suas próprias emoções em diversos momentos. Também precisamos aprender a reconhecer melhor os sentimentos das pessoas ao nosso redor e reagir de maneiras que não são apenas pragmáticas, mas mais gentis e dóceis. A prática envolve ouvir melhor as pessoas da nossa casa.

    Também precisamos estar cientes da carga emocional que podemos estar colocando em nossas esposas e filhos. Muitas das mulheres com quem trabalho sentem a necessidade de orbitar em torno dos seus maridos, que podem estar irritadiços, distraídos ou emocionalmente indisponíveis.

    Nós, homens, precisamos reconhecer quando nossos próprios medos, necessidades, julgamentos e egos desempenham um papel excessivo na condução das emoções do lar. Precisamos considerar as necessidades de nossas esposas e verificar regularmente para ter certeza de que estão sendo atendidas. Para muitos homens, esse é um ajuste significativo, mas vale a pena ser feito. A satisfação conjugal aumentará para ambos e sua casa será menos estressante.

    O que as mães podem fazer para aliviar o esgotamento

    Com frequência, esposas e mães renunciam ao autocuidado em nome de zelar pelos seus familiares. O problema que muitas mulheres com quem trabalho estão descobrindo é que o trabalho, real e emocional, nunca termina.

    Para vocês, mães, sejam claras com suas famílias sobre o que precisam e guarde um tempo para vocês e suas necessidades diárias, seja para o que for. Deixe seu marido com as crianças e reserve um tempo para si mesma. Programe esse tempo para cuidar da sua mente, corpo e espírito. Você pode precisar deixar suas necessidades evidentes para sua família e deixar claro que reservará um tempo para si mesma.

    Se sua casa funciona como a maioria com as quais trabalhei, sua família pode precisar de um pouco de prática para se acostumar com o fato de que a mamãe pode não estar disponível a qualquer momento. Mas continue firme. Eles vão se ajustar com o tempo.

    As mães continuam sendo o coração da maioria das famílias, e a tendência sugere que isso não vai mudar tão cedo, mesmo que os homens e os pais melhorem gradativamente no que diz respeito aos afazeres domésticos. É muito importante que vocês, mães, cuidem de si mesmas, pois sua família, sem dúvida, continuará a precisar de vocês nos próximos anos.

    Nota do editor: John Duffy é psicólogo de Chicago, autor de “Cuidando do Novo Adolescente na Era da Ansiedade”. Ele se especializou no trabalho com adolescentes, pais, casais e famílias. Esse texto é uma tradução. Para ler a versão original, clique aqui.

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