Arritmia cardíaca prévia aumenta risco de novo episódio? Entenda
O diagnóstico prévio da doença pode aumentar o risco de novo episódio a depender do tipo e da gravidade da condição, segundo cardiologista
O jogador de futebol uruguaio Juan Izquierdo morreu na noite de terça-feira (27), cinco dias depois de sofrer uma parada cardíaca decorrente de uma arritmia. O zagueiro estava internado do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Izquierdo, que defendia o Nacional, passou mal e desmaiou no gramado, durante o duelo entre o clube uruguaio e o São Paulo, na última quinta-feira (22), em duelo válido pelas oitavas de final da Libertadores.
Segundo autoridade uruguaia, o atleta havia sido diagnosticado com arritmia cardíaca em 2014 em uma série de exames promovida por um programa do governo uruguaio. Por outro lado, o presidente do Nacional, Alejandro Balbi, chegou a declarar que o atleta não apresentou problema cardíaco em exames realizados pelo clube.
De acordo com Alexsandro Fagundes, cardiologista e presidente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), ter arritmia cardíaca grave ou não tratada uma vez pode aumentar o risco de uma segunda arritmia.
“Arritmia cardíaca não é uma coisa só. Existem diferentes arritmias, que são um conjunto de situações em que o ritmo do coração não está seguindo uma cadência normal”, explica o especialista. “Falando de forma geral, se você tem uma arritmia cardíaca potencialmente fatal, é provável que ela venha a piorar se nada for feito”, acrescenta.
Em caso de arritmias cardíacas graves, a prática esportiva de alta intensidade, como o futebol, por exemplo, pode colocar o paciente em risco sério de saúde, segundo o cardiologista. “Quando fazemos um eletrocardiograma na triagem de um atleta e detectamos um defeito elétrico ou defeito muscular, essas situações [práticas esportivas intensas] são proibitivas. É preciso resolver o problema antes de liberar para o esporte”, afirma.
Por outro lado, arritmias cardíacas leves, sem gravidade, não contraindicam a prática de atividade física. Porém, o cardiologista ressalta que essa é uma informação genérica.
“Nós não temos certeza do que foi que aconteceu especificamente com o atleta. O que temos certeza é que ele teve uma arritmia maligna em campo, presenciada, e que poderia ter sido revertida com a aplicação de um choque do desfibrilador externo automático, que é obrigatório nos estádios de futebol, para acudir imediatamente esse colapso circulatório”, acrescenta.
O que são arritmias cardíacas?
A arritmia cardíaca é uma condição que altera o ritmo do batimento do coração, fazendo com que ele bata muito rápido, muito devagar ou de forma irregular. Segundo Roberto Kalil, médico cardiologista e apresentador do CNN Sinais Vitais, a arritmia pode ocorrer em qualquer idade, mas existem diferentes tipos e causas.
“Nós temos as arritmias chamadas benignas, entre aspas, que não levam a risco de vida, e as arritmias chamadas malignas, de uma maneira bem didática, que podem levar a risco de vida, risco de uma parada cardíaca, da chamada morte súbita”, explicou o especialista.
O cardiologista destacou que a morte súbita, na maioria dos casos, é causada por doenças estruturais do coração. Isso inclui infartos, alterações nas válvulas cardíacas ou problemas no músculo cardíaco. Kalil enfatizou que a maior incidência ocorre em pessoas que sofrem de isquemia, ou seja, falta de sangue para o coração.
“Você fecha uma artéria do coração e você tem falta de sangue para as células do coração, isso leva a um desequilíbrio do sistema elétrico do coração, causando arritmia”, explicou Kalil. Ele acrescentou que algumas arritmias, como a fibrilação ventricular, são precursoras de uma parada cardíaca e requerem atendimento imediato.
Como tratar e prevenir arritmias?
O tratamento da arritmia em jovens depende da causa e da gravidade da condição. Em muitos casos, mudanças no estilo de vida, como a redução do estresse, evitar substâncias estimulantes e equilibrar a carga de exercícios físicos, são suficientes para controlar os sintomas. Em outros casos, pode ser necessário o uso de medicamentos ou, em situações mais graves, procedimentos como a colocação de cateter.
“É importante detectar diferentes sinais de arritmias, que podem ser uma alteração no eletrocardiograma, em que o paciente será submetido à correção através de uma ablação por cateter”, explica Fagundes. “Podem ser detectados sinais de defeito no coração após um infarto ou após uma miocardite. Em alguns casos, pacientes podem ser candidatos a implantar um marca-passo ou desfibrilador, que são dispositivos que ficam regulando e controlando a frequência cardíaca para atuar diante de uma eventual arritmia ventricular”, acrescenta.
Em alguns casos, medicamentos também podem ser utilizados para prevenir arritmias e tratar a condição. Porém, de maneira geral, o tratamento costuma ser imediato. “Estamos falando de uma emergência máxima em cardiologia. Então, o tratamento tem que ser imediato. Se o paciente não desmaiou e não perdeu a consciência, ele deve ser imediatamente acolhido e monitorado, receber medicação antiarrítmica”, afirma o cardiologista.
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