Após cirurgia rara, homem de 55 anos fica três meses com dois corações
No quadro Correspondente Médico, Fernando Gomes falou sobre técnica pioneira feita no Incor para tratamento de pressão pulmonar
Na edição desta terça-feira (23) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre uma cirurgia pioneira no tratamento da pressão alta no pulmão feita no Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
O paciente Lincon Paiva, de 55 anos, precisava controlar a pressão arterial pulmonar, uma das sequelas de um infarto que sofreu no ano passado. Para isso, ele ganhou um coração extra. Paiva ficou três meses com dois corações batendo dentro do peito.
A técnica de fazer com que um corpo funcione com dois corações não é nova, mas é muito rara. Essa foi a primeira vez que ela foi usada para controle da pressão pulmonar.
À CNN, o cirurgião cardiovascular Fábio Gaiotto, que operou o paciente, explicou como é feito o procedimento. “São duas etapas. Na primeira cirurgia, utilizo um coração ao lado do outro para tratar uma hipertensão pulmonar”, disse.
“Quando a pressão dos pulmões já está normalizada, o segundo passo, que é mais difícil, é transformar o coração que está fora do seu lugar devido num transplante cardíaco tradicional. Eu tiro os dois corações e o novo é colocado na sua posição final”, completou.
Fernando Gomes afirmou que a técnica foi necessária pois não seria possível realizar o transplante de coração diretamente no paciente.
“Ele não teria condição de lidar com o aumento da pressão pulmonar imediatamente. Isso representa uma etapa para que a situação vascular melhore para que depois o coração doado seja implantado no paciente”, disse.
“Durante esse período, ele ficou com dois corações trabalhando em situação favorável para que a doença pudesse se resolver.”