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    Após atraso, doação da AstraZeneca salva vacina com IFA nacional da Fiocruz

    Reagente necessário para a fórmula do IFA precisou ser doado pela farmacêutica porque fornecedores só tinham previsão de entrega para 2022

    Isabelle ResendePedro Duranda CNN , No Rio de Janeiro

    Depois de sucessivos atrasos e previsões frustradas nas entregas ao Ministério da Saúde, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) teve que recorrer a uma doação para garantir que conseguiria fabricar a vacina contra o coronavírus com Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) nacional, conforme previa. O socorro do laboratório inglês foi a única maneira de garantir a versão brasileira da vacina ainda neste ano.

    É que um dos reagentes, um sal necessário para a composição do IFA, só chegaria no ano que vem pela disponibilidade dos fornecedores. As informações foram apuradas pela CNN com pessoas ligadas ao processo produtivo.

    A Fiocruz tem sofrido com a crise mundial do IFA. A fundação foi impactada por uma sobrecarga na cadeia global de suprimentos. Ao longo do processo de fabricação de vacinas se deparou com a falta de itens como frascos de envasar, plásticos e tampões, itens necessários em larga escala para dar conta de armazenar com segurança e distribuir as doses para todo o país.

    Eles optaram por esperar a chegada desses itens e só depois começar a produção de fato, para que o trabalho não fosse paralisado no meio do caminho – oferecendo risco à estabilidade das vacinas.

    “O início da produção está previsto para abril, mas também é um processo complexo, então ele demora um pouco até que a gente tenha os lotes produzidos, os lotes validados, os lotes certificados em termos de qualidade, em termos regulatórios, então a expectativa é que a gente só consiga distribuir esses lotes no segundo semestre, possivelmente algo em torno de agosto é nossa expectativa hoje”, disse em fevereiro o diretor da fábrica de BioManguinhos, Maurício Zuma.

    A previsão, no entanto, não se concretizou. A fundação reconheceu que o primeiro lote que começou a ser produzido em julho – e não abril – deve ficar pronto só para novembro – e não agosto. Eles dizem ainda que as entregas se estenderão para 2022, somando 50 milhões de doses, menos da metade das 112,4 milhões estimadas inicialmente.

    A Fiocruz disse que o cronograma será atualizado de acordo com o andamento do projeto e o cumprimento de objetivos e de metas estabelecidas e que ‘por se tratar de um processo complexo qualquer alteração no cronograma será comunicada com transparência e maior brevidade possível’.

    Em nota, a Fundação Oswaldo Cruz afirmou que ‘existe um aumento de demanda global por insumos utilizados na produção de vacinas, o que se reflete em algumas dificuldades de abastecimento, que afetam em maior ou menor grau as empresas produtoras’ e que ‘Bio-Manguinhos vem atuando diariamente com fornecedores e empresas parceiras para manter seus cronogramas de produção’.

    Por questões contratuais, a Fiocruz não comenta sobre itens específicos, mas disse, em nota, ‘que no momento o abastecimento desses insumos está equacionado’.

    Eles não responderam os questionamentos feitos pela CNN sobre as eventuais contrapartidas da doação, a função do reagente na fórmula, o valor da remessa enviada pela AstraZeneca e o atraso de outros itens essenciais para a vacina. A CNN aguarda posicionamento da Astrazeneca.

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